Após JO 2024, Léon Marchand soma e segue graças ao seu corpo e à sua equipa
Léon Marchand voltou a dar cartas no mundiais de natação de Singapura de 2025 após ter sido uma das sensações dos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris. Este nadador francês alia características físicas a um meio familiar que o compreende e apoia, assim como um treinador que cumula a experiência de já ter treinado Michael Phelps. Léon Marchand foi a sensação dos Jogos Olímpicos de 2024, conquistando quatro medalhas de ouro para a França na natação, mas o fenómeno aquático continua a surpreender em 2025, tendo batido o recorde de 200 metros estilos nos mundiais de Singapura, que se realizaram no final de Julho. Para obter este tipo de resultados, Léon Marchand possui determinadas características físicas que lhe permitem alcançar os pódios, mas também, e sobretudo, tem um acompanhamento familiar e técnico que o podem continuar a conduzir aos lugares cimeiros da natação durante a próxima década. Em entrevista à RFI, Tiago Barbosa, investigador e docente do Instituto Politécnico de Bragança, explica as especificidades deste nadador francês. "Há um conjunto de características que se esperam nos nadadores, por exemplo, terem mãos e pés maiores do que a maior parte da população. O que acontece com ele também é um conjunto de rácios. Por exemplo, a envergadura, que é o comprimento dos braços, espera-se que seja também ligeiramente superior à sua estatura e à da população em geral, o que também acontece com ele. Ele tem estas caraterísticas particulares. Depois o que acontece é que é um bocadinho mais baixo que habitualmente acontece em nadadores deste nível. Então o que é que tem que fazer? Ele tem que compensar esta falta que tem na sua estatura, noutras características. Pode ser nas questões ambientais. Pode ser nas questões técnicas", explicou o investigador. Se as características físicas ajudam o jovem nadador francês de 23 anos, também a sua família e a sua equipa o ajudam a ultrapssar barreiras. Léon Marchand é filho de nadadores profissionais, que nunca ganharam medalhas, mas participarma em provas importantes, e levou a cabo os seus estudos universitários na Universidade do Arizona, onde treinou desde 2021 com Bob Bowman, antigo treinador de Michael Phelps. "A família, pai, a mãe e julgo também um tio, foram formados a um elevado nível na natação, tendo participado em finais olímpicas, embora nunca tenham atingido o nível que ele tem neste momento. Mas isto cria aqui um contexto familiar de apoio e de entendimento daquilo que ele está a passar e que, portanto, facilita também, naturalmente, todo o rendimento a obter. Mas não é só a família também. Eu gostaria de falar, por exemplo, na questão do treinador. O treinador dele é o treinador que anteriormente esteve a treinar outros nadadores de grande nível. O mais conhecido é o Michael Phelps. Mas aqui temos uma particularidade é que, enquanto Michael Phelps estava a desenvolver a sua carreira e iniciar a sua carreira, o treinador também estava a desenvolver a sua carreira e ele acompanhou Michael Phelps desde os 11 anos de idade até ao nível. Nesta altura, o treinador tem um lastro de experiência e de conhecimento que pode utilizar com o Léon Marchand, que à época não tinha. Portanto, é um potencial mais acrescentado para para o Léon", detalhou. Com quatro medalhas de ouro olímpicas obtidas em Paris, as comparações com Michael Phelps que detém 23 medalhas de ouro, são muitas, mas alguns desses ouros do norte-americano foram conquistados em provas de estafeta, ou seja, com outros três atletas. Olhando para o panomara actual, a França não oferece a Léon Marchand colegas que lhe permitam obter esse número de medalhas, devendo portanto haver restrições quanto às comperações entre os dois. "Habitualmente há uma comparação muito injusta entre ele com o Michael Phelps e eu gostaria de aproveitar para dizer que nós não podemos comparar as duas coisas porque o Michael Phelps, é verdade que teve muitas medalhas, mas uma grande fatia dessas medalhas devem-se a provas de estafetas que não dependem exclusivamente do Michael Phelps. Metodicamente, há uma prova nos Jogos Olímpicos de Pequim em que a medalha foi ganha e o resultado deveu-se não tanto a Michael Phelps, mas a um outro nadador que nadou o último percurso. Portanto, o que acontece é que, infelizmente, neste momento a natação francesa não tem a profundidade no número de nadadores para facilitar ao Léon Marchand ter este número de medalhas também nas provas de estafetas, como acontecia no Michael Phelps", concluiu.