EP#5 – Revolução Cubana (1953 -1959) | Manuel Loff, “Revoluções” | CCB
5ª conferência gravada no dia 11 de novembro 2023. A Revolução Cubana de 1959, “uma revolução latino-americana para o mundo”, foi um dos acontecimentos mais marcantes da história do século XX. A sua génese, natureza e desenvolvimento devem ser explicadas no contexto político e histórico específico da América Latina, no qual o confronto com a potência hegemónica dos EUA e a tradicional ingerência política e exploração económica inscreveu o anti-imperialismo no ADN das esquerdas daquele continente. O seu impacto, contudo, não se deu apenas – e já não seria pouco – à escala da América Latina, mas sim à escala mundial. Verdadeiro arranque dos «longos anos 1960», a Revolução Cubana constituiu, no contexto da crise já então generalizada da dominação colonial ocidental, uma nova fonte inspiração na emancipação social e política à escala mundial. Uma das componentes da Revolução, aquele que pode ser descrito como sendo o guevarismo (o projeto, incarnado no Che Guevara, de solidariedade ativa em levantamentos e processos de luta revolucionária em vários pontos da América Latina e de África) teve um impacto indelével nos movimentos anti-imperialistas, anticoloniais e socialistas de todo o mundo. No contexto, também, do enfrentamento entre os modelos soviético e chinês de construção do socialismo, e no quadro do confronto bipolar da Guerra Fria, a Revolução Cubana aparecia como uma alternativa refrescada e exultante para os jovens de todo o mundo que transformaram a década de 1960 num momento excecional de reivindicação e de avanços progressistas na história da humanidade. Neste sentido, ela influenciou não só a esquerda latino-americana e movimentos de libertação africanos, mas também as esquerdas e os novos movimentos sociais que irromperam nos anos 1960 nas ruas e no debate político e cultural nos países capitalistas do Norte Global, da Europa e da América do Norte. Cuba é «o melhor exemplo de um regime revolucionário que permanece um centro de interesse e debate décadas depois de ter chegado ao poder, e é por isto que é importante reexaminar as suas origens, desenvolvimento e características originais» (D.L. Raby, 2006). – Manuel Loff