LUSOFONIAS - Um a-Deus grato ao Papa Francisco
Tony Neves, em RomaA sua partida, tão inesperada, pôs o mundo a evocar a grandeza de humanidade do Papa vindo – como ele disse – do fim do mundo. Mais ou menos refeitas do choque inicial, muitas pessoas partilharam o que a vida, palavras e missão deste homem inspiraram e vão continuar a marcar a história.Fui, nestes dias, diversas vezes até à Praça de S. Pedro. À entrada, é impressionante a quantidade de câmaras de TV que enchem a Praça S. Pio X, com todas a apontar para a maior Basílica do mundo, construída sobre o túmulo de S. Pedro. Depois, marcaram-me as lágrimas que vi correr em tantos rostos, a mostrar que o amor e o reconhecimento não têm fronteiras, tal a diversidade de pessoas que ali vieram prestar uma última homenagem a Francisco.Continuo a processar o que aconteceu nos últimos dias. O domingo de Páscoa foi um dia fantástico, com o Papa a aparecer à varanda da Basílica, a saudar (‘Buona Pascoa!’), e mandar ler a longa e profunda Mensagem pascal ‘Urbi et Orbe’ e, por fim, a dar uma bênção com uma voz sofrida, mas feliz. O que depois mais me cativou foi perceber, pelas movimentações da segurança na Praça, que o Papa viria saudar, de perto, aquela multidão imensa que quis celebrar a Páscoa em Roma, por ocasião do Jubileu da Esperança. Passou pertinho de mim, sorriu para todos, pegou e abençoou bebés e regressou feliz, mas cansado, à Casa Santa Marta, o lar que ele escolheu, desde a primeira hora, para simples residência papal.Foi na companhia dos seus colaboradores mais próximos que ele viveu a tarde da Páscoa. Depois, foi dormir, acordou bem disposto e um inesperado AVC abriu-lhe o caminho para a Casa do Pai, esse lugar de Paz eterna que ele tão bem foi abrindo nos 88 anos de intensa vida por terras da Argentina e de Roma.