
Episódio 13: Por onde sopra a Cinefilia? Arqueologia familiar como aventura. Uma conversa com Rafael Fonseca.
21/12/2025 | 1h 11min
“Que episódio serei?” “Serás o episódio 13!”, respondo com exactidão. “13?!” “Sim, espero que não sejas supersticioso … Eu considero-o um número de sorte.”“Veremos, então.” Para o lugar mais habitual desta jornada chamada “Bola Preta”, sentamo-nos no Bar 39 Degraus da Cinemateca, afastados do balcão para “escapar” dos ruídos habituais de café (esperamos ser bem sucedidos nisso), com possível encosto nos cartazes vintage de filmes de outras épocas: um “Ginger e Fred”, de Fellini, por detrás de mim; uma “Flauta Mágica” diante do convidado; e “Páginas Imortais” entre nós … talvez o filme de Rolf Hansen também ansioso por esta companhia. Pedimos o costume, brindamos. À minha frente está Rafael Fonseca, crítico do site “Tribuna do Cinema”, com uma mão cheia e textos no “Talking Shorts” e no “À Pala de Walsh”, e realizador de uma obra intitulada “Quorum”, filmada no Gerês, povoada por fantasmagorias de invenção camiliana, cavalos improvisados, OVNIs e uma actriz com rosto de cinema à la Eugène Green. Uma das descobertas proporcionadas por 2025, tanto o filme como a pessoa. Fonseca tornou-se presença recorrente em festivais e jantares, e também em ocasionais ‘encontrões’ pelos corredores da Cinemateca. Está aqui para falarmos de uma aventura em particular, a cinéfila no geral.Material de ApoioRafael Fonseca no Rio Talents 2025 - https://www.festivaldorio.com.br/br/talents/apresentacaoCrítica ao “Quorum” - O Cinema da extinção, e dessa morte, a reinvenção. - Cinematograficamente Falando …Informação sobre o Festival Montanha, na Ilha do Pico: mirateca.com/miratecarts/picofestival/default.aspxEntrevista de Rafael Fonseca a Charlie Shackleton no “Talking Shorts”: Truth in Parts — Talking Shorts

Episódio 12: Symbioquê? … O documentário a olhar para si próprio e com alguns amadores pelo caminho. Uma conversa com Luís Mendonça.
17/12/2025 | 1h 31min
“Então, o que é isso mesmo?”, pergunta o caro convidado. “Diria que é um podcast a tentar regredir, a chegar às suas bases espontâneas… aliás, amadoras.” Esta última palavra ressoa como estardalhaço nos ouvidos do crítico, programador e professor Luís Mendonça. “Amador”, e todas as suas variações, são-lhe queridas, mas não revelamos ainda o porquê. Acrescento: foi numa manhã de segunda-feira, cinzenta, com ameaços constantes de chuva. O cofundador do site de cinefilia “À Pala de Walsh” abriu as “portas” da Cinemateca e, após alguma procura por um espaço que pudéssemos estar no sossego dos deuses, demos de caras com o seu escritório, sob a bênção de um gigantesco cartaz de “As Vinhas da Ira”, de John Ford, pendurado na parede.“Tenho algo para ti”, riposto. “Gostaria de falar contigo sobre um filme específico, do qual tenho a certeza absoluta de estares familiarizado.” “O quê?”, pergunta Mendonça. Abro o bloco de notas; o título não é, de todo, fácil e, como se estivesse a articular a palavra impossível popularizada por Mary Poppins, em alto e bom som, arrisco: “Symbiopsychotaxiplasm: Take One”. Os seus olhos brilham. “Não sabia que William Greaves seria um thing neste nosso encontro!”Material de ApoioLivro “Fotografia e Cinema Moderno: Os Cineastas Amadores do Pós-Guerra” da autoria de Luís Mendonça - https://www.wook.pt/livro/fotografia-e-cinema-moderno-luis-mendonca/19618720A mencionada crítica a “Marty Supreme” de Josh Safdie: https://www.indiewire.com/criticism/movies/marty-supreme-movie-review-timothee-chalamet-a24-1235163722/“Polígrafo”Confirma-se! O actor de “Je m'appelle Hmmm...”, Douglas Gordon é um dos realizadores do documentário “Zidane, un portrait du 21e siècle”

Episódio 11: Na teta proustiana do cinema, ou entre dois “velhos do Restelo”. Uma conversa com Pedro Cinemaxunga.
12/12/2025 | 2h 12min
“Devo dizer que esta será a primeira vez que falamos directamente… quer dizer, estamos à distância, mas mesmo assim…” Avanço como primeira pedra este diálogo em horas de “chichi-cama” com Pedro Cinemaxunga, figura lendária da blogosfera luso-cinematográfica. Hoje, para além do seu espaço ainda imaculado, detém dois podcasts de cinema: “Rádio Cinemaxunga”, considerado por si um exercício lúdico e curatorial, e “Nas Nalgas do Mandarim”, onde, com os dois cúmplices de crime (Miguel Ferreira e Carlos Reis), conduz um programa sem rédeas nem papas na língua sobre cinema e afins. Sobre este episódio em particular, rédeas não há, nem tampouco as ditas papas, mas o resultado é uma conversa entre “gentlemans”, daquelas centradas em histórias e memórias do cinema, temperadas por saudade dos seus tempos áureos. Hoje, com ameaças da Netflix a adquirir a Warner Bros. e a Disney a vender-se à IA, sentimos os “Velhos do Restelo” em nós: datados e obsoletos. Mas o Cinema é uma arte de resistência… é o que é. Eis um “tête-à-tête” com cães, dinossauros, fórmulas, seios, Cannes e o humor de Manoel de Oliveira.Material de ApoioLetterboxd de Pedro Cinemaxunga https://letterboxd.com/cinemaxunga/Rúbrica “Peitinhos da Quinta”https://cinemaxunga.net/blog/category/peitinhosdaquinta/

Episódio 10: “Procurar o cinema nos filmes”, para lá do conspirativo e da política de autores. Uma conversa com Ricardo Vieira Lisboa.
05/12/2025 | 1h 47min
Eis o décimo: a viagem pelas bolas pretas ainda agora começou, mas o Cinema continua, paralelamente, a ser desculpa para encontros e reencontros. Não apenas a “ida à sala” ou o filme da semana na Netflix, mas a cinefilia como cuspo que cola eremitas saídos das suas catacumbas. Não é preciso sair da gruta para topar com o centro da questão; para Ricardo Vieira Lisboa, crítico (um dos fundadores do site À Pala de Walsh) e programador da Cinemateca, bastou trazer um barrete. “Estou preparado para o frio.” E assim foi: para a esquina mais distante da esplanada, sob as luzes longínquas do bar e a protecção luminosa da livraria Linha de Sombra na outra ponta. O tempo era contado e a meteorologia estava longe de ser clemente (digamos que o Inverno espreita, aproximando-se sorrateiro), mas nada impediu o que vinha aí: autores, a sua política e o derrube da mesma; criar, implodir, explodir, reinventar, mais uma conversa sobre Cinema, ou melhor, sobre filmes. “Bardamerda para tudo e todos os que são incapazes de descobrir o cinema nos filmes e só procuram os filmes no cinema”, escreveu, certo dia, o nosso ilustre convidado.Material de ApoioTop À Pala de Walsh 2022, onde poderão encontrar a citação no manifesto de Ricardo Vieira Lisboa: https://apaladewalsh.com/2022/12/os-melhores-filmes-de-2022/Texto mencionado no episódio - “O que é a crítica de cinema” - À Pala de Walsh: https://apaladewalsh.com/2012/07/o-que-e-a-critica-de-cinema/

Episódio 9: Agentes pasolinianos e chinês com sotaque carioca. Uma conversa com Rodrigo Fonseca.
01/12/2025 | 54min
Acabado de chegar do Festival do Cairo e mesmo assim com uma insaciável sede de Cinema, Rodrigo Fonseca envia-me um SMS: “Vamos ver o Pasolini que passa no Nimas?”. A resposta foi afirmativa; duas horas depois de ter aterrado, lá estava ele, crítico de cinema de Bom Sucesso, à porta da sala, aguardando a minha chegada naquela tarde com cheiro a Inverno. Um abraço de saudade e partimos rumo ao inóspito: Tebas, romances edipianos e mendigos no fim da linha. “Édipo Rei” fora o filme escolhido para unir dois continentes cinéfilos. Depois, seguiu-se o jantar: uns relatos aqui, outros acolá. “Como foi o Cairo?”, ouve-se da minha parte. “E você? Como tem sobrevivido?”, devolve ele. Pedem-se crepes chineses, vaca à moda de Singapura, sopa de cogumelos, porco com bambu e, a acompanhar tudo, cerveja, pois claro! Clico no record: nasce um novo episódio de Bola Preta, com alguma saudade pelo meio — um reencontro entre amigos, irmãos de mães diferentes, de diferentes no planisférios e cinemas diferentes (nada de utopias aqui). “Temos de ser breves”, avisa, relembrando que o avião partirá pouco depois, rumo ao Rio de Janeiro. Secretismos à parte, a cinefilia tem algo de convívio.“Polígrafo”“Oliver!”, de Carol Reed, a adaptação do romance de Charles Dickens - Oliver Twist - venceu o Óscar de Melhor Filme em 1968, o antecessor desse prémio, do qual nenhum dos intervenientes da conversa recordava era “In the Heat of the Night” de Norman Jewison, com Sidney Poitier.



Bola Preta