Na manhã de 24 de junho, num contexto marcado por instabilidade crescente e um frágil cessar-fogo, recebemos Daniel Pinéu para analisar os impactos geopolíticos do ataque israelita ao Irão. Especialista em relações internacionais, Pinéu é professor e investigador na Universidade de Amesterdão, com um percurso académico que passa pelos EUA, Alemanha e Paquistão, onde aprofundou o conhecimento da complexa dinâmica do Médio Oriente. O episódio centra-se na recente ofensiva militar de Israel contra o Irão, desencadeada sob o argumento da iminente ameaça nuclear. Netanyahu, com o apoio tácito dos EUA, parece ter avançado com um plano mais vasto: desestabilizar os vizinhos, consolidar o poder regional e eliminar qualquer possibilidade de um Estado palestiniano. Discutimos também a erosão da ordem internacional, o papel ambíguo da ONU e o silêncio cúmplice das grandes potências perante alegações de genocídio em Gaza. O episódio aborda o papel de Trump, a possível retirada do Irão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, e o impacto desta escalada no equilíbrio geoestratégico global, com destaque para o posicionamento cauteloso da China e da Rússia. Num mundo onde a guerra parece uma constante, Daniel Pinéu ajuda-nos a perceber se ainda há espaço para soluções diplomáticas ou se estamos perante uma mudança irreversível na arquitetura internacional. Este é um episódio urgente, gravado num dos momentos mais voláteis da política mundial recente.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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1:20:42
Julian Perelman: o SNS é sustentável?
O Serviço Nacional de Saúde está sob pressão como nunca, num contexto partilhado com outros países industrializados: populações envelhecidas, tecnologias cada vez mais dispendiosas e procura crescente de cuidados. Apesar de um aumento significativo na atividade assistencial e na despesa pública, que hoje absorve 12,5% do Orçamento do Estado, a perceção generalizada é de um sistema em declínio. Neste episódio, Julian Perelman, professor catedrático da Escola Nacional de Saúde Pública e economista da Saúde, ajuda a analisar este paradoxo. Fala-se da fragmentação crescente do sistema, da expansão do setor privado e das dificuldades em garantir equidade e acesso num modelo que promete ser universal. A conversa centra-se nas reformas necessárias para assegurar a sustentabilidade financeira e social do SNS. Discutem-se modelos de pagamento, medição de resultados, incentivos, e formas de responder à pressão sobre um setor com recursos limitados e expectativas crescentes.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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1:17:42
Mariana Vieira da Silva: o que nos diz a transição expedita no PS?
Neste episódio do Perguntar Não Ofende, a convidada é Mariana Vieira da Silva, ex-ministra da Presidência e figura central do último governo socialista liderado por António Costa. Com o Partido Socialista a enfrentar uma das suas maiores crises em décadas — passando, pela primeira vez em meio século, a terceira força política nacional —, a conversa gira em torno da surpreendente rapidez com que o partido geriu a sucessão interna, sem debate ou reflexão estratégica. Em poucos dias, os socialistas parecem ter escolhido José Luís Carneiro como líder, numa transição marcada mais pela urgência de evitar nova derrota autárquica do que pela preparação de uma nova fase política. Mariana Vieira da Silva esteve no centro da governação socialista durante quase uma década e manteve-se fora da disputa interna, mas foi apontada como potencial alternativa à liderança. Nesta conversa, fala-se da sua leitura sobre a “transição simplex” no PS, da queda abrupta de um partido com maioria absoluta para uma oposição fragmentada, e da ameaça real que representa o crescimento do Chega. Discutem-se ainda os erros de gestão política após o terramoto de 2023, o papel dos autarcas nas decisões do partido, o impacto da pandemia na sua visibilidade e o estado atual da esquerda portuguesa. Com a experiência de quem esteve no centro do poder, Mariana Vieira da Silva ajuda-nos a perceber o que correu mal, o que está em causa e o que pode vir aí. Uma hora para olhar, com calma, para um partido em turbulência e para um país em transição.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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1:07:10
António Gomes: o que nos dizem as sondagens? E podemos confiar nelas?
Portugal teve três legislativas em quatro anos, duas delas no espaço de apenas doze meses. Num país habituado à estabilidade, vivemos agora em ciclos curtos e marcados por cansaço político e desconfiança nas instituições. A polarização cresce e os eleitores parecem votar mais por reação do que por convicção. Neste cenário, forças como o Chega crescem apesar dos escândalos, e os jovens mostram sinais de radicalização e desconexão com a política tradicional. Ao mesmo tempo, as sondagens multiplicam-se, mas será que nos dizem o que realmente importa? A personalização da política, o voto estratégico, a fidelidade geracional e o desejo de estabilidade são apenas algumas das variáveis difíceis de medir. Diferenças metodológicas e a dificuldade em recolher dados fiáveis tornam a leitura mais complexa. Neste episódio, falamos com António Gomes, diretor-geral da GfK-Metris e especialista com três décadas de experiência em estudos de opinião. Uma conversa para perceber os limites e as potencialidades das sondagens numa democracia fatigada. Capítulos: (02:54) Eleições e desconfiança nas instituições(06:11) Voto estratégico e dinâmicas eleitorais(09:08) A imagem dos líderes e mobilização eleitoral(12:06) O impacto dos escândalos na opinião pública(14:57) Campanhas eleitorais e proximidade com o eleitor(17:58) A polarização e o voto útil(21:05) Expectativas e realidade nas eleições(32:05) Desconforto e identidade política(34:57) Expectativas e imagem do líder(38:21) Imigração e economia no voto(40:47) Avaliação do Governo e expectativas(42:13) A imigração e o debate político(46:11) Escândalos e a reação do eleitorado(51:02) O eleitorado do Chega e a lógica anti-sistema(54:49) Impacto do Passos Coelho e voto dos mais velhos(57:27) Diferenças de género no voto jovem(58:07) A influência das redes sociais nas eleições(01:01:09) A nova dinâmica do voto feminino(01:04:01) A fragmentação da esquerda e suas consequências(01:08:12) A fiabilidade das sondagens e métodos de pesquisa(01:19:19) O impacto do voto na última horaSee omnystudio.com/listener for privacy information.
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1:23:07
Mariana Reis, Matilde Sobral e Augusto Carreira: “Adolescência” acordou os pais e os políticos?
Neste episódio de Perguntar Não Ofende, voltamos ao tema do impacto dos smartphones nas escolas e no desenvolvimento das crianças e adolescentes. Partindo de novos dados alarmantes — como o facto de os menores passarem, em média, dois meses por ano em frente a ecrãs — debatemos os efeitos da dependência digital, a queda da socialização presencial e a correlação com problemas como ansiedade, depressão e baixa autoestima. A conversa ganha atualidade com a exibição da série “Adolescência” no Reino Unido e a recente reabertura do debate político em Portugal sobre a proibição de smartphones nas escolas. Os convidados são Matilde Sobral e Mariana Reis, fundadoras da Mirabilis, e Augusto Carreira, referência em pedopsiquiatria. Juntos, discutimos a necessidade urgente de agir e de devolver às crianças tempo real para crescerem, brincarem e partilharem emoções.See omnystudio.com/listener for privacy information.
É mais que uma entrevista, é menos que um debate. É uma conversa com contraditório em que, no fim, é mesmo a opinião do convidado que interessa. Quase sempre sobre política, às vezes sobre coisas realmente interessantes. Um projeto jornalístico de Daniel Oliveira e João Martins. Imagem gráfica de Vera Tavares com Tiago Pereira Santos e música de Mário Laginha.