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Paula Cardoso e Georgina Angélica
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  • Ana Paula Tavares: “Comecei a seduzir pela palavra. Era eu que fazia as redações dos colegas. Era uma forma de exercer poder”
    Hoje celebramos a vida e a obra de Ana Paula Tavares, que neste 30 de Outubro festeja o 73º aniversário, depois de no passado dia 8 ter sido aclamada vencedora da 37.ª edição do prestigiado Prémio Camões. O reconhecimento literário da poeta e historiadora dá o mote para esta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, iniciada com uma proposta de releitura da obra “Ritos de Passagem”. Quatro décadas depois da publicação, que marcou a sua estreia editorial, será que Ana Paula Tavares encontra novos significados nas palavras que escreveu lá atrás? “Ultimamente, não só por causa do prémio e das entrevistas que provoca, senti muita necessidade de voltar aos princípios, a uma linguagem que escolhi, e que tinha, digamos, alguns frutos do bioma angolano, das coisas que são angolanas, e das coisas que chegaram ao país, entre os muitos trânsitos, e os milhares de migrantes que foram fazendo aquela entidade histórica, social, psicológica e linguística que é a Angola dos nossos dias”. Nesse exercício de regresso ao início, a poeta nota que ainda há muito “por nomear, por tratar poeticamente”, observação que pede “um novo ciclo de frutos, para ser outra vez transformado em objeto do poema”. Talvez resulte daí uma revisita aos “Ritos de Passagem”, antecipa Ana Paula, que neste episódio d’ O Tal Podcast partilha outros revisitares da sua história, por muitos ainda desconhecida. “É muito engraçada a cara de espanto com que as minha vizinhas agora me olham. Dizem: vi uma pessoa tão parecida consigo na televisão. E eu não desfaço este pequeno equívoco. De resto, a vida continua normal”, garante, recuando aos tempos de mobilização anticolonial. “Por volta dos 18, 19 anos, sou surpreendida com a grande tarefa de tentar fazer alguma coisa por Angola. Não digo que logo nessa altura tivesse consciência de me inscrever na luta armada, ou tomasse posições políticas fortes, mas, sobretudo a partir da orientação de pessoas mais velhas, houve maneira de tentar participar e sobretudo alfabetizar adultos” O compromisso para a libertação nacional sucedeu a uma rutura com a igreja – “aí por volta dos 16, 17 anos” –, experiência que a poeta recorda pela ligação ao campismo missionário, projeto “absolutamente colonial”, inserido “dentro daquelas normas de evangelizar os indígenas”. “Éramos um grupo de meninas, e íamos para o campo, com senhoras mais velhas, ensinar as mulheres, por exemplo, a dar banho aos bebés, a vesti-los, a fazer pequenas coisinhas como se não tivessem um ensinamento de séculos de como tratar dos seus filhos”, descreve a convidada de Georgina Angélica e Paula Cardoso, realçando a aprendizagem. “Forçou-me a olhar o outro, com outro olhar. Foi aí que comecei a interrogar: afinal, de que lado estou?” Além dos questionamentos individuais e das interpelações coletivas, Ana Paula Tavares percorre, neste episódio, leituras mais e menos proibidas; revela uma profunda conexão à filha e ao neto; surpreende pela veia musical; conta como fez da palavra instrumento de poder, e partilha uma ‘encomenda familiar’ que continua por desembrulhar. “A minha avó Felicidade disse-me muitas vezes: foste a primeira pessoa da família que estudou, portanto tens a obrigação de contar a minha história, a da outra tua avó, a da tua mãe e a tua. E até te vou dar um título: “As Filhas da Pouca Sorte”. Nunca fui capaz de escrever”. Saiba porquê, ouvindo o episódio completo aqui.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    56:10
  • REWIND - Jonathan Ferr
    Sem filtros, Jonathan Ferr fala sobre como a espiritualidade ajudou a dissipar o ceticismo e trouxe uma nova compreensão da vida, focada no processo, e não na ansiedade de resultados. Com uma visão única, Jonathan desconstrói ideias pré-concebidas sobre prosperidade e revela a importância de estar rodeado de pessoas que também vibram em abundância. https://www.otalpodcast.com/p/jonathan-ferrSee omnystudio.com/listener for privacy information.
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    1:56
  • Miguel Cardoso: “Se pusermos de lado o compromisso com o antirracismo, o que antes eram fantasmas e agora são pessoas, vai ganhar mais força”
    De um lado estavam os que torciam pelo Benfica e, por isso, queriam batizá-lo de Eusébio, figura ímpar na história dos encarnados e do futebol nacional. Do outro, aqueles que preferiam o Sporting, e insistiam em chamar-lhe Jordão, à letra de um ilustre leonino, também celebrizado na seleção das quinas. Quando este empate entre rivais de Lisboa parecia impossível de desfazer, o Brasil entrou em campo e resolveu. “Alguém sugeriu: ele tem o cabelinho parecido com o Pelé. Fica Pelé”. Nascia assim, entre jogadas de futebol de rua, a alcunha que acompanha a identidade de Miguel Cardoso desde os 10 anos. Hoje com 39, é fora das quatro linhas, numa frente de intervenção antirracista, que o convidado desta semana d’ O Tal Podcast deixa a sua assinatura. Diretor executivo da Black Europeans, iniciativa que no passado mês de setembro esteve sob ataque, na mira de uma campanha de desinformação, Miguel explica, nesta conversa, a importância do combate ao racismo. “Se pusermos de lado o compromisso com o antirracismo, o que antes eram fantasmas e agora são pessoas, vai ganhar mais força”, avisa, determinado em salvaguardar o futuro das próximas gerações. “A única forma de toda a gente ter uma vida melhor é cada um de nós dar um contributo significativo a esta luta antirracista”. O compromisso, sublinha Pelé, reforça-se a partir da paternidade: “Encontro esperança no meu filho. Olho para ele e vejo a força de querer continuar e construir uma sociedade melhor”. A inspiração para a mudança ativa-se não apenas a partir dos cuidados parentais, mas também de um cúmulo de microagressões. “Quando nasces num país, vais engolindo a história, a cultura, e foi nesse sentido que aprendi a amar Portugal. Mas o país demonstra que não gosta de mim, seja através de pessoas individuais, seja através de entidades públicas”. Um dos exemplos desse amor não correspondido está bem presente nas memórias de Miguel, que, nesta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, recorda como foi arredado da possibilidade de arrendar um apartamento. “Falei ao telefone com o proprietário da casa, ele não percebeu a minha cor. Quando apareci, basicamente tinha uma pessoa a dizer: não lhe vou arrendar por causa da sua cor de pele”. A experiência está longe de ser um caso isolado, nota Pelé, que explica como encontrou no choro um meio de libertação. “Percebi que tinha que chorar, porque não podia descarregar esta raiva sobre ninguém, não podia pegar na minha vivência e culpabilizar alguém. A sociedade foi estruturada desta forma, e tenho de aprender a lidar com o racismo”. Apesar dos sucessivos embates raciais, o gestor imobiliário garante que não guarda ressentimentos. “Não tenho nenhum rancor, nem ódio em relação ao país, mas eu não amo Portugal”, conta, insistindo na importância da reciprocidade. “Vibrava com a seleção nacional. Até dizia: sei o hino de Portugal, mas não o de Cabo Verde. Mas aprendi que esse amor não era recíproco” Noutras lições de vida, o convidado de Georgina Angélica e Paula Cardoso destaca os ensinamentos da ausência paterna. “Culpava a minha mãe por não ter um pai presente. Depois percebi, que ele não quis estar na minha vida. E comecei a questionar-me: porquê que não quis saber de mim?”. Ouça aqui este episódio d’ O Tal Podcast.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    59:09
  • REWIND - Maria Gorjão Henriques
    Estamos num cruzamento essencial”, nota Maria Gorjão Henriques, para quem “nunca foi tão urgente honrarmos o nome da raça humana”. Facilitadora de consciência sistémica, Maria sublinha: “Ou nos permitimos despertar para a humanidade em Nós, ou nos vamos perder”. Formada em Psicologia, Maria Gorjão Henriques consolidou carreira no mundo financeiro, até ao dia em que decidiu agir de acordo com o que sentia e intuía. https://www.otalpodcast.com/p/maria-gorjao-henriquesSee omnystudio.com/listener for privacy information.
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    1:26
  • Ana Markl: “A menopausa traz uma grande libertação. Não estava a contar, mas devo dizer que é um conhecimento sobre mim que me faz sentir mais jovem”
    A idade que temos coincide com aquela que sentimos ter? Envelhecer retira prazer sexual? Porque é que homens e mulheres andam tão zangados uns com os outros? O feminismo está sob ataque, enquanto as masculinidades tóxicas progridem? Neste episódio d’ O Tal Podcast - gravado ao vivo, na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, e com o tema “Reescrever o Tempo”- Georgina Angélica e Paula Cardoso conversam com Ana Markl e Tânia Graça sobre o impacto da passagem dos anos, no corpo e na mente, e os progressos e retrocessos que nos acompanham neste tempo de ‘algoritmização’ acelerada. “A quantidade de informação é tão ansiogénica que nos paralisa”, nota Ana, alertando para a inércia coletiva que se observa diante de tragédias, como a da Palestina. “Noutros períodos da história, as pessoas não sabiam o que se estava a passar e deixaram que acontecesse. Acreditavam na propaganda, nas narrativas. Neste momento não há desculpa”. Outro sinal da época em que vivemos evidencia-se nas masculinidades tóxicas, e o regresso a velhos e opressores papéis de género. “Como os valores do feminismo nunca se concretizaram por inteiro, estamos sempre a voltar para trás. E a falar do que falávamos nos anos 60”, assinala Tânia, perentória no diagnóstico. “Progresso mais forte traz contramovimento mais forte. Acho que tem sido isso que temos visto acontecer, não só em Portugal como no mundo, em que movimentos conservadores e políticos crescem, alimentam preconceitos horríveis”. Entre o que observamos à volta, e o que observamos em nós, que histórias estaremos a escrever e até a reescrever? “A menopausa traz uma grande libertação – sobretudo numa idade em que ainda estou bastante válida – em perceberes que já não estás a competir no mesmo campeonato a que a sociedade te obriga durante muito tempo, que é o de ser gira, desejável e fresca”, defende Ana. Preparada para dar a volta aos revezes do tempo a autora conta que, no verão passado, celebrou com um bolo a nova fase da sua vida adulta. “Não estava a contar, mas devo dizer que é um conhecimento sobre mim mesma que me faz sentir mais jovem”, revela, apaziguada com o que ficou para trás. “O envelhecer enquanto estigma não me apoquenta. Angustia-me o receio de não ter saúde, até porque fui mãe aos 40, e quero desfrutar do meu filho”. Já Tânia Graça, lembra que muitas vezes o espelho devolve-nos a idade, a partir das pessoas que estão à nossa volta. “Vou vendo a minha mãe, que tem 71 anos, está ótima e com muita saúde, mas há esse confronto com a passagem do tempo”. Da mesma forma, a psicóloga e sexóloga, partilha a perplexidade de ver o sobrinho mais velho, de 17 anos, a avançar para a conclusão do ensino secundário. “Às vezes sinto uma certa crise existencial: tenho 33 anos, que coisas ainda me falta fazer? Será que tenho tempo para fazê-las? Às vezes isso dá-me uma sensação, que não é real, de que tenho pouco tempo”. A caminho de mais um aniversário, Tânia aponta um dos questionamentos que a idade lhe trouxe. “Tenho o cabelo super branco, e pintar ou não pintar é um debate interno. Porque os meus valores dizem: não tenho que pintar, não tenho que esconder o meu envelhecimento, mas é facto que tenho pintado”. A escolha, sublinha a psicóloga, evidencia o poder dos condicionamentos a que todas as pessoas estão sujeitas.“Aqui ninguém é alecrim dourado que nasce do campo sem ser semeado. Estamos todos em desconstrução”. Ouça aqui esta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, pontuada de gargalhadas e reflexões. See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    1:29:41

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Sobre O Tal Podcast

Um espaço onde cabem todas as vidas, emocionalmente ligadas por experiências de provação e histórias de humanização. Para percorrer sem guião, com autoria de Georgina Angélica e Paula Cardoso.
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