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O Tal Podcast

Paula Cardoso e Georgina Angélica
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  • Monica Lafayette: “Quando assinei contrato com a Nike, como Fashion Icon, mudei o jogo. Foi por causa do Cristiano Ronaldo que existiu esta campanha”
    Perdeu a conta ao número de celebridades com quem se cruzou em Londres, num circuito exclusivo, percorrido entre etiquetas de luxo. “Comecei como assistente do assistente do assistente, numa loja da Gucci, e ali entravam imensos artistas, tipo Pharrel Williams. E eu lembro-me que eu ia para a casa de banho a pensar: Isto é real?”. Mas foi em Portugal, a partir de uma campanha da Nike lançada por causa de Cristiano Ronaldo, que Monica Lafayette se tornou, ela própria, uma marca na arte de desfilar e criar estilos únicos. Apontada pelo gigante desportivo como ícone de moda, no âmbito de uma ação de apoio à presença portuguesa no Mundial de Futebol da África do Sul, a stylist conta, neste episódio d’ O Tal Podcast, o poder dessa convocatória. “Quando assinei contrato com a Nike, como Fashion Icon Ibérica, mudei o jogo”. À época recém-regressada a Lisboa, depois de uma temporada transformadora em Londres, Monica recorda que essa distinção ativou algumas resistências, entretanto ultrapassadas. “Na altura, foi um choque porque eu estava em Portugal há três anos, então houve muitos problemas. As pessoas achavam que eu estava aqui há pouco tempo, e recebi poucos parabéns de colegas”. Hoje com um percurso incontornável, que inclui a sua própria empresa, e também passou por Paris, a stylist sublinha, nesta conversa, como a sua trajetória se tem construído à margem de romantismos, e à prova de deslumbramentos. “Tive aquelas histórias que pensava que iam ser da novela: em que me apaixono, perco a virgindade e penso que vai ser para sempre. Mas não entrava no estereótipo da miúda-mulher-mãe, comecei a desconectar-me e terminei a relação. Acredito que até hoje ele não aceita isso. Então afastou-se de mim e do meu filho”. Mãe de Maximus, a empresária partilha com Georgina Angélica e Paula Cardoso algumas das feridas abertas a partir da maternidade e separação precoces. “Tive que começar a fazer-me à vida mais a sério. Na altura estava a estudar para a faculdade e tinha que ter um part-time - trabalhava na Springfield do Colombo a dobrar polos. Mas as pessoas olham para nós, e acham que saímos do helicóptero, já prontas, e com o cabelo a voar”. Aos 42 anos, e com um filho de 23, Monica depara-se hoje com outro tipo de desafios: “Agora que o meu filho é um homem, tenho tempo e digo: quem sou eu? Do que gosto?”. Os planos de vida, antecipa a stylist, passam pela sua Angola de nascimento, pertencimento e redireccionamento. “O Coréon Dú, filho do ex-Presidente da República de Angola, convidou-me para ser a figurinista e diretora criativa principal da novela Windeck. Na altura tinha zero ideia de quem ele era”. A experiência permitiu não apenas assumir novas responsabilidades, mas também fortalecer identidades. “De repente estás em Londres, em Paris, em Nova Iorque, e voltas a Luanda e dizes: eu sou daqui. E olhas para a tua família, para a tua comunidade e dizes: sou um bocado disto, um bocado daquilo”. Além do ambicionado regresso às raízes – “vou voltar a tentar viver em Luanda, ou a ter mais projetos lá” –, Monica revela o desejo de resgatar sonhos interrompidos. “Acredito no casamento, no amor, na união. Quero ter alguém, mas na minha frequência. Ou numa outra frequência, mas que acrescente, e que honre os lugares em que eu já estive, que não me veja como um troféu e não se assuste, porque as pessoas cada vez mais assustam-se com mulheres como nós”. Siga a conversa, na companhia de Georgina Angélica e Paula Cardoso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    1:09:11
  • Mayra Andrade: “O que é significa ser africana no mundo? A primeira palavra que me vem é orgulho”
    Nasceu cantora há 40 anos, renasceu mãe em 2023, e, entre um e outro momento, nunca se desligou dos batimentos criativos. “Estive ativa até aos sete meses [de gravidez], de saltos no palco, e aos saltos”, recorda Mayra Andrade, mais de dois anos depois do nascimento da filha Dayo, nome grafado na língua africana yorubá, e que significa alegria. “Ela veio toda em música. Eu faço linhas melódicas esquisitas, semitonadas, a ver se ela reproduz, e ela consegue”, conta a artista neste episódio d’ O Tal Podcast, reconhecendo nos primeiros passos da filha a própria caminhada. “Começou a cantar ainda não tinha um ano”, nota Mayra, acrescentando que com essa idade também já expressava a veia musical. “Sempre fui uma criança muito espiritualizada. Eu sei o nome das energias que me acompanham, e eu invoco estas energias antes de pisar no palco, porque é muito importante que aquele espaço sagrado, que é o palco, e o dom que eu recebi, não seja em vão”. Alinhada com cada nota e ritmo – “Oro sempre muito para que cada expressão feita no palco chegue ao coração das pessoas” –, a artista diz da filha Dayo o que o seu pai, Carlos Andrade, também diz de si: “Nasceu cantora”. O olhar materno e maternal aguça-se à medida de um maior autoconhecimento e consciência da vida. “Acabo, muitas vezes, por não valorizar o poder que tenho. Só uma pessoa com um poder tão grande em si é que consegue, com dignidade e no seu silêncio, estar nos palcos do mundo a cantar, com uma bebé ao colo, a amamentar e a lidar com coisas que não deveria ter que lidar”. A versatilidade favorece “a sensação de estar num multitasking existencial constante”, nota Mayra, observando: é “como se estivesse a plantar uma floresta, a segurar um navio para não afundar, a semear não sei o quê, a voar, a enterrar-me”. Entre a terra, o mar e o ar, a artista cabo-verdiana vai-se encontrando. “O meu corpo acabou por ser celeiro de muitas memórias, de muitas vivências, e é como se eu ainda estivesse a descobrir, através do corpo, os contornos emocionais do que vivi nos últimos poucos anos da minha vida”. O reconhecimento das velhas cicatrizes segue com novas marcas. “Estou na fase da serpente que muda de pele, da borboleta que sai do casulo, e essa metamorfose tem etapas que não são bonitas”. A transição encontra tradução musical em “reEncanto”, o mais recente álbum da cantora cabo-verdiana, gravado ao vivo e maturado em gestação. “Estava já a deixar essa vida [de Dayo] crescer em mim, e a reverberar na minha voz de uma forma diferente”. De lição em ensinamento, a cantora e compositora reconhece: “Nunca aprendi muito pelo amor, nem pela alegria. Acho que somos uma espécie que aprende pela dor e adversidade”. Orgulhosamente africana, esta filha de um antigo combatente pela Independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau apresenta-se também como pan-africanista. “Sou africana e sou de uma nação crioula. Temos uma herança genética e cultural e social europeia, mas somos um país africano. Nós aprendemos a partir pedras, e espremer leite das pedras”. Sem renunciar aos sonhos de um destino mais justo para África, Mayra Andrade, premiada este ano com o Lifetime Africa Achievement Prize nos Millennium Excellence Awards, lembra que “é difícil pensar num futuro brilhante para o continente africano sem pensar numa mudança global”. Acompanhe a conversa, com Georgina Angélica e Paula Cardoso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    42:10
  • Solange Salvaterra Pinto: “Desistir é uma palavra que não está no meu dicionário”
    Ainda miúda, Solange Salvaterra Pinto “tomava conta da hora de almoço” da família com as novidades que encontrava nas publicações do Centro Cultural Português de São Tomé e Príncipe, país onde nasceu e cresceu. “Lia revistas de fofocas, livros, jornais”, conta a ativista social, recuando à origem de uma alcunha de boa memória: “France Presse”. Foi desta forma que o pai a apelidou, a partir de um hábito que o próprio ia estimulando, com uma simples pergunta: “Então, o que é que há hoje?”. Havia sempre muita coisa, porque, antes como agora, a são-tomense gosta de estar informada sobre o que vai acontecendo no mundo. Mais do que isso, Solange faz questão de partilhar conhecimento. Na pandemia, por exemplo, tornou-se uma voz ativa na sensibilização da comunidade são-tomense para a prevenção e tratamento da covid-19. Também nessa época, criou o podcast “Perguntas Incómodas”, no qual conduzia conversas sobre temas da atualidade, sem nunca perder de vista o propósito social. “A comunicação permite defender as pessoas, porque quando estás a dar voz, pões a pessoa em casa a ouvir e dizer: ‘Olha, nunca tinha pensado nessa perspectiva”. Herdeira de uma linhagem de combatentes pela Independência de São Tomé e Príncipe, há muito que Solange se faz ouvir como ativista social. “Se os meus avós, na altura do colono, não se vergaram, hoje eu não vou reclamar? Eu trabalho, voto, faço os meus descontos, sou uma cidadã exemplar. Tenho que reclamar, mas reclamar com soluções”. Dona do seu lugar, a também empreendedora explica, neste episódio, como a atitude confiante e a consciência dos seus direitos têm sido fundamentais para lidar com a doença crónica do filho, “desde os dois anos habituado a tomar morfina”. Hoje maior de idade, Maysha é “vida” e aprendizagem aos olhos da mãe. “Quando tens pessoas [no hospital] que estão com o teu filho durante 18 anos, a tratar, a dar carinho, tens a obrigação de pensar nos outros”. O compromisso coletivo, hoje vivido no ativismo, dirige-se, no futuro, para a Presidência da República de São Tomé e Príncipe, ambição política assumida sem hesitações, e já com o primeiro discurso presidencial esboçado. Para ouvir nesta conversa, com Georgina Angélica e Paula Cardoso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    56:14
  • Luísa Semedo: “Nunca tive problemas em aceitar cargos de responsabilidade. Quando era miúda pensei ser Presidenta da República”
    O destino de uma vida na fábrica parecia já traçado na história de Luísa Semedo, mas, mesmo sem qualquer modelo que lhe pudesse servir de referência, era para a liderança política que os seus sonhos apontavam. “Quando era miúda, pensei ser Presidenta da República”, conta neste episódio, distanciando os planos infantis de ambições de poder, e aproximando-os do desejo de cuidar. “Sou a irmã mais velha, tive que cuidar dos meus irmãos, tive que cuidar também dos adultos da minha família, que tinham algumas problemáticas. E, portanto, sempre fui a mãe de muita gente”. Desde cedo habituada a assumir e a acumular responsabilidades, a investigadora reconhece agora a necessidade de parar. “Estou a viver um burnout há alguns meses. Estou a tentar sair dele, e a fazer muita aprendizagem em relação a isso.” O diagnóstico de Luísa surgiu após o assassinato de Odair Moniz, e confrontou-a com uma realidade ainda pouco conhecida, e até incompreendida: o burnout do ativismo, território no qual se move, em defesa dos Direitos Humanos. “Sinto-me, muitas vezes, num lugar de privilégio e, portanto, tenho dificuldade em dizer não, porque tenho que estar à altura e tenho que conseguir”. Nascida em 1977, em Lisboa, Luísa cresceu no Bairro da Serafina, filha de mãe portuguesa e pai cabo-verdiano, ambos operários. Ainda criança, recorda que deixou de acreditar em Deus, quando estudava numa escola de freiras. “Fiquei ateia, mas com medo de ser má pessoa”, admite. Já adulta e a viver em França, para onde emigrou aos 24 anos, a investigadora, escritora e cronista, procurou compreender se existe uma capacidade universal, e que não tenha que ver exclusivamente com a cultura ou a religião, que faça dos seres humanos boas pessoas. Foi aí que encontrou a empatia, tema da sua tese de doutoramento em Filosofia, pela Universidade Paris-Sorbonne. Nos antípodas desta descoberta, Luísa partilha ainda como o combate à discriminação a confrontou com o pior da desumanização. “Fui atacada por um neonazi, e pensei mesmo: vou morrer”. Sem heroísmos, a ativista conta, nesta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, como lidou com essa e outras agressões: “Não é o que eu faço, é o que eu sou”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    51:46
  • Carlos Dias: “A nossa maior força é o que sentimos. Na realidade não é aquilo em que acreditamos”
    Há um antes e depois do basquetebol na vida de Carlos Dias. Ex-internacional pela seleção portuguesa, campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal, o hoje terapeuta conta como esta modalidade o “salvou”. “Senti um sentimento de pertença que não tinha encontrado nos meus primeiros 13, 14 anos de vida”. Nascido em Lisboa, com raízes em Cabo Verde, Carlos recorda, neste episódio, como, desde muito cedo, percebeu os olhares preconceituosos que lhe eram dirigidos na rua, mais tarde transformados em verbalizações racistas. Além de ter bem presente o dia a dia de agressões que viveu com os colegas, nunca mais esqueceu as palavras de uma professora de Matemática. “Disse: ‘pois, é para isso que vocês servem, só para correr atrás de uma bola. Tu vais ser como o Eusébio, nunca vais saber falar”. Os ataques continuaram nos campos de basquetebol, vindos das bancadas, mas também dos balneários. “A última vez que eu joguei pela Seleção Nacional foi já na Seleção de Esperanças. Eu tinha 20 ou 21 anos, e aconteceu um episódio que fez com que eu não voltasse mais”. Sem rodeios, hoje Carlos fala assertiva e abertamente de todas as marcas do passado, sublinhando que a última coisa que alguma vez será é vítima. “O meu pai sempre incutiu em mim uma ideia de que o silêncio não é opção”. Herdeiro de uma linhagem masculina com carreira nas forças militares e de segurança, o ex-basquetebolista quebrou uma longa tradição familiar de fardas. Primeiro no desporto, que o fez conhecer várias cidades do mundo – e amadurecer o amor por Lisboa –, e agora na Psicologia, Carlos junta a esta formação, a certificação internacional em coaching. Mas faz questão de se desmarcar do “rótulo” de coach. “Fujo desse termo porque está muito contaminado”. Terapeuta motivacional e mentor, destaca a “tremenda sorte” de ter uma clientela 98% feminina, porque vê na mulher “o ser mais poderoso da Terra”, bem como “o farol emocional da Humanidade”, e “o veículo da vida”. Além de homenagear o poder feminino, nesta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, Carlos Dias revela aquele que é seu papel mais importante: ser pai.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    1:00:57

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Sobre O Tal Podcast

Um espaço onde cabem todas as vidas, emocionalmente ligadas por experiências de provação e histórias de humanização. Para percorrer sem guião, com autoria de Georgina Angélica e Paula Cardoso.
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