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O Tal Podcast

Paula Cardoso e Georgina Angélica
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  • Solange Salvaterra Pinto: “Desistir é uma palavra que não está no meu dicionário”
    Ainda miúda, Solange Salvaterra Pinto “tomava conta da hora de almoço” da família com as novidades que encontrava nas publicações do Centro Cultural Português de São Tomé e Príncipe, país onde nasceu e cresceu. “Lia revistas de fofocas, livros, jornais”, conta a ativista social, recuando à origem de uma alcunha de boa memória: “France Presse”. Foi desta forma que o pai a apelidou, a partir de um hábito que o próprio ia estimulando, com uma simples pergunta: “Então, o que é que há hoje?”. Havia sempre muita coisa, porque, antes como agora, a são-tomense gosta de estar informada sobre o que vai acontecendo no mundo. Mais do que isso, Solange faz questão de partilhar conhecimento. Na pandemia, por exemplo, tornou-se uma voz ativa na sensibilização da comunidade são-tomense para a prevenção e tratamento da covid-19. Também nessa época, criou o podcast “Perguntas Incómodas”, no qual conduzia conversas sobre temas da atualidade, sem nunca perder de vista o propósito social. “A comunicação permite defender as pessoas, porque quando estás a dar voz, pões a pessoa em casa a ouvir e dizer: ‘Olha, nunca tinha pensado nessa perspectiva”. Herdeira de uma linhagem de combatentes pela Independência de São Tomé e Príncipe, há muito que Solange se faz ouvir como ativista social. “Se os meus avós, na altura do colono, não se vergaram, hoje eu não vou reclamar? Eu trabalho, voto, faço os meus descontos, sou uma cidadã exemplar. Tenho que reclamar, mas reclamar com soluções”. Dona do seu lugar, a também empreendedora explica, neste episódio, como a atitude confiante e a consciência dos seus direitos têm sido fundamentais para lidar com a doença crónica do filho, “desde os dois anos habituado a tomar morfina”. Hoje maior de idade, Maysha é “vida” e aprendizagem aos olhos da mãe. “Quando tens pessoas [no hospital] que estão com o teu filho durante 18 anos, a tratar, a dar carinho, tens a obrigação de pensar nos outros”. O compromisso coletivo, hoje vivido no ativismo, dirige-se, no futuro, para a Presidência da República de São Tomé e Príncipe, ambição política assumida sem hesitações, e já com o primeiro discurso presidencial esboçado. Para ouvir nesta conversa, com Georgina Angélica e Paula Cardoso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    56:14
  • Luísa Semedo: “Nunca tive problemas em aceitar cargos de responsabilidade. Quando era miúda pensei ser Presidenta da República”
    O destino de uma vida na fábrica parecia já traçado na história de Luísa Semedo, mas, mesmo sem qualquer modelo que lhe pudesse servir de referência, era para a liderança política que os seus sonhos apontavam. “Quando era miúda, pensei ser Presidenta da República”, conta neste episódio, distanciando os planos infantis de ambições de poder, e aproximando-os do desejo de cuidar. “Sou a irmã mais velha, tive que cuidar dos meus irmãos, tive que cuidar também dos adultos da minha família, que tinham algumas problemáticas. E, portanto, sempre fui a mãe de muita gente”. Desde cedo habituada a assumir e a acumular responsabilidades, a investigadora reconhece agora a necessidade de parar. “Estou a viver um burnout há alguns meses. Estou a tentar sair dele, e a fazer muita aprendizagem em relação a isso.” O diagnóstico de Luísa surgiu após o assassinato de Odair Moniz, e confrontou-a com uma realidade ainda pouco conhecida, e até incompreendida: o burnout do ativismo, território no qual se move, em defesa dos Direitos Humanos. “Sinto-me, muitas vezes, num lugar de privilégio e, portanto, tenho dificuldade em dizer não, porque tenho que estar à altura e tenho que conseguir”. Nascida em 1977, em Lisboa, Luísa cresceu no Bairro da Serafina, filha de mãe portuguesa e pai cabo-verdiano, ambos operários. Ainda criança, recorda que deixou de acreditar em Deus, quando estudava numa escola de freiras. “Fiquei ateia, mas com medo de ser má pessoa”, admite. Já adulta e a viver em França, para onde emigrou aos 24 anos, a investigadora, escritora e cronista, procurou compreender se existe uma capacidade universal, e que não tenha que ver exclusivamente com a cultura ou a religião, que faça dos seres humanos boas pessoas. Foi aí que encontrou a empatia, tema da sua tese de doutoramento em Filosofia, pela Universidade Paris-Sorbonne. Nos antípodas desta descoberta, Luísa partilha ainda como o combate à discriminação a confrontou com o pior da desumanização. “Fui atacada por um neonazi, e pensei mesmo: vou morrer”. Sem heroísmos, a ativista conta, nesta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, como lidou com essa e outras agressões: “Não é o que eu faço, é o que eu sou”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    51:46
  • Carlos Dias: “A nossa maior força é o que sentimos. Na realidade não é aquilo em que acreditamos”
    Há um antes e depois do basquetebol na vida de Carlos Dias. Ex-internacional pela seleção portuguesa, campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal, o hoje terapeuta conta como esta modalidade o “salvou”. “Senti um sentimento de pertença que não tinha encontrado nos meus primeiros 13, 14 anos de vida”. Nascido em Lisboa, com raízes em Cabo Verde, Carlos recorda, neste episódio, como, desde muito cedo, percebeu os olhares preconceituosos que lhe eram dirigidos na rua, mais tarde transformados em verbalizações racistas. Além de ter bem presente o dia a dia de agressões que viveu com os colegas, nunca mais esqueceu as palavras de uma professora de Matemática. “Disse: ‘pois, é para isso que vocês servem, só para correr atrás de uma bola. Tu vais ser como o Eusébio, nunca vais saber falar”. Os ataques continuaram nos campos de basquetebol, vindos das bancadas, mas também dos balneários. “A última vez que eu joguei pela Seleção Nacional foi já na Seleção de Esperanças. Eu tinha 20 ou 21 anos, e aconteceu um episódio que fez com que eu não voltasse mais”. Sem rodeios, hoje Carlos fala assertiva e abertamente de todas as marcas do passado, sublinhando que a última coisa que alguma vez será é vítima. “O meu pai sempre incutiu em mim uma ideia de que o silêncio não é opção”. Herdeiro de uma linhagem masculina com carreira nas forças militares e de segurança, o ex-basquetebolista quebrou uma longa tradição familiar de fardas. Primeiro no desporto, que o fez conhecer várias cidades do mundo – e amadurecer o amor por Lisboa –, e agora na Psicologia, Carlos junta a esta formação, a certificação internacional em coaching. Mas faz questão de se desmarcar do “rótulo” de coach. “Fujo desse termo porque está muito contaminado”. Terapeuta motivacional e mentor, destaca a “tremenda sorte” de ter uma clientela 98% feminina, porque vê na mulher “o ser mais poderoso da Terra”, bem como “o farol emocional da Humanidade”, e “o veículo da vida”. Além de homenagear o poder feminino, nesta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, Carlos Dias revela aquele que é seu papel mais importante: ser pai.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    1:00:57
  • Aua Baldé: “Quando me sento na Assembleia Geral das Nações Unidas, estou lá eu, o meu afro e ainda ponho o turbante. É essencial celebrar-se a diversidade”
    Os voos internacionais são uma constante na vida de Aua Baldé que, muitas vezes, encontra na filha, Aicha, o caminho para ‘descer à terra’. “Por ela sou capaz de parar o mundo”, declara, rendida ao “grande privilégio” de desfrutar da maternidade. “Acho que as mães têm uma linha direta com Deus”, diz, enquanto aponta a própria progenitora como o seu porto seguro. “A minha mãe tem uma capacidade de empatia que não conheço [em] mais ninguém”, assinala, contrabalançado com o exemplo paterno. “O meu pai sempre me disse: o teu marido é o teu diploma. Portanto, não era uma opção eu não ir para a universidade”. A par dos estudos, Aua foi desenvolvendo um forte sentido de Justiça, canalizado para a especialização na área dos Direitos Humanos, património ameaçado por uma série de retrocessos democráticos. “A batalha por aquilo que é certo e que faz sentido para nós tem que persistir”, defende, partilhando a importância da “visão do unicórnio”. Nascida na pequena cidade de Canchungo, na Guiné-Bissau, Aua Baldé conserva memórias de uma infância feliz, povoada de laços comunitários. Ainda pré-adolescente, mudou-se para Portugal, período marcado por alguns desafios de integração, nomeadamente linguísticos. “O meu sotaque era completamente diferente e os meus colegas riam-se”, conta neste episódio, de volta ao “pesadelo” das aulas de Português do 6.º ano. Hoje formada em Direito, é professora universitária, mestre pela Harvard Law School, e doutoranda na Católica Global School of Law, destino académico que, sem os estímulos familiares, seria, à partida, inimaginável. Habituada a desafiar probabilidades, Aua dedica-se ao estudo e pesquisa na área do Direito Internacional Público, onde sobressaem as especializações em Direitos Humanos e Direito Penal, e a ligação a organizações globais, como as Nações Unidas. Mas, por mais milhas e diplomas que some, é na Guiné-Bissau que se encontra inteira. “Um bocadinho da minha alma sempre fica lá”. Continue a ouvir esta viagem, na companhia das apresentadoras Georgina Angélica e Paula Cardoso, n' O Tal Podcast. See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    53:10
  • Eva Cruzeiro: “Só não perdoa quem tem uma expectativa quase desumanizada do outro. Eu estou sempre à espera que as pessoas errem”
    Batizada Eva, à semelhança da avó materna, o seu último apelido é Alexandre, mas apresenta-se com o seu outro sobrenome – Cruzeiro – em homenagem à assinatura familiar da avó paterna. É dessa forma, como Eva Cruzeiro, que o seu nome sobressai nas listas do PS, onde se tornou a candidata-surpresa na corrida às Legislativas do próximo dia 18 de maio. Apesar da forte curiosidade política que despertou nas últimas semanas, continua, contudo, a ser mais reconhecida como Eva Rapdiva, identidade artística forjada entre beats musicais. Nascida em 1988 na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, ‘combate’ desigualdades desde os 12 anos em batalhas de rap, género musical no qual ganhou notoriedade, com letras carregadas de análise e crítica social. O registo interventivo, extensão de uma personalidade inconformada com injustiças e exclusões, impulsionou os estudos em Ciência Política e Relações Internacionais, que se compromete a colocar ao serviço da atividade política. Pessoa de convicções firmes, Eva demonstrou cedo que sabe o quer: tinha apenas 12 anos quando anunciou o seu destino à “Doutora Ana Paula”, título que, em jeito de brincadeira, usa para se referir à mãe. Disse: “Vou ser uma grande cantora, cantar num estádio, ter a minha cara em outdoors, oferecer-te um carro, ter casa, tudo com a música”. Apesar do riso que arrancou da progenitora, a então aspirante a rapper partilha, neste episódio, que sempre contou com o apoio materno para seguir os seus sonhos. “Beneficiei de um contexto familiar que me ajudou bastante, e que fez de mim aquilo que sou hoje”. Aos 36 anos, a candidata a deputada à Assembleia da República pelo PS não esconde que tinha outros planos, desligados da política ativa e ligados à agricultura. “Mas acho que esta missão agora é bem mais importante. Porque a minha vida nunca foi só sobre mim e sobre os meus sonhos”. Assumida defensora do bem-estar coletivo, a nossa convidada de hoje lembra que as ameaças que vivemos exigem a mobilização de todas as pessoas. “Temos que estar alerta e nos unir para garantir que a democracia prevalece, as conquistas do 25 de Abril também, e que, no que toca aos nossos direitos, só iremos continuar a dar passos para a frente. Não há espaço para recuos”. Oiça aqui a conversa entre a “candidata sensação do PS” e as apresentadoras Georgina Angélica e Paula Cardoso, n'O Tal Podcast. See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    56:01

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Sobre O Tal Podcast

Um espaço onde cabem todas as vidas, emocionalmente ligadas por experiências de provação e histórias de humanização. Para percorrer sem guião, com autoria de Georgina Angélica e Paula Cardoso.
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