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Prelo

Tiago Novaes
Prelo
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5 de 120
  • Começar a Escrever: Como (não) falar de si mesmo
    #120 – Recentemente, numa visita à biblioteca da minha nova cidade, topei com uma edição d'As aventuras de Tom Sawyer, um clássico de Mark Twain. Logo no prefácio, o autor esclarece: Tom Sawyer existiu. Mais que isso – foram muitos os colegas de infância que inspiraram a criação do personagem.O protagonista e suas peripécias são o resultado da combinação de lembranças pessoais e impressões dos amigos de escola. O pulo do gato: além de testemunho, o clássico é também invenção. O vivido, nas páginas de um livro, é uma argila que pode tomar outras formas. Ao falar de si mesmo, de si mesma, temos um problema. Somos nós mesmos o tempo todo. Seja escolhendo o próximo filme a assistir no serviço de streaming ou amarrando um cadarço, não conseguimos deixar-nos de lado.  Sou eu ali, escrevendo, mesmo quando para me libertar de mim mesmo. Sou ali ao falar de um terceiro, projetando meus desejos e receios. E nesta insistência, posso despejar no papel a minha própria compulsão e banalidade.Byung Chul-Han diria que vivemos em um tempo de transparência e exposição. Como se o individualismo e o ensimesmamento, valores de uma sociedade de consumo, colocassem em risco a nossa própria materialidade. Para existir, precisamos mostrar que estamos vivos. "Compartilhar" impressões, opiniões, credenciais. Há quem diga que a autoficção, como novo gênero romanesco, surgiu nesse contexto. Em contrapartida, não há como refutar que a nossa voz e presença são o sal do nosso texto. Sem o autor, a obra empalidece, torna-se inexpressiva. Se você exagera no sal, a tal "voz narrativa" pode soar a um locutor esportivo, tentando colocar palavras na boca do texto. Sem ela, uma inteligência artificial qualquer poderia substituí-lo. No novo episódio do Prelo, falamos das armadilhas da autoficção. Mas também de como a escrita, como ato revolucionário, nos abre uma possibilidade fascinante – se os limites do nosso mundo são os limites da linguagem que temos à disposição, escrever é a melhor maneira de ampliar o horizonte e o entendimento. Produção e edição de áudio: Fábio Corrêa
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    28:37
  • Imitação, Homenagem, Inspiração: brevíssimo anedotário de plágios – uma conversa com Juca Novaes
    #119 – Tem coisas de que sinto falta em morar em São Paulo. Uma delas é sem dúvida o encontro regular com um primo muito querido em um restaurante japonês, a poucos metros da estação Liberdade do metrô. Advogado, o Juca sempre chega de terno aos nossos almoços. Pedimos os dois o mesmo prato: o tradicional teishoku com missô, acepipes, anchova grelhada e arroz japonês. Além de advogado, o Juca é músico e escritor. Ilustrado, progressista, lúcido, meu primo é o único parente com quem tenho esses longos papos sobre tudo – das nossas apreensões sobre a política às aventuras do processo criativo. Já tem uns anos que meu primo falava deste livro que vinha escrevendo com um colega de profissão. O tema: plágios. O Juca é especialista internacionalmente renomado em direitos autorais, e sempre teve muitas histórias interessantes a contar sobre o tema. E curioso onívoro que sou, não me canso de continuar perguntando.Uma delas é a de um compositor famoso que despertou com uma canção linda na cabeça, uma sequência de notas simples, mas absolutamente cativantes. Aquilo soava tão bem que lhe deixara com uma pulga atrás da orelha: será que a ouvira em algum lugar? Para tirar a dúvida, resolveu mostrá-la a vários amigos. Mas ninguém reconheceu. Foi apenas mais tarde que o músico, Paul McCartney, escreveu a letra e deu a ela o nome de Yesterday.Os caminhos para a criação artística são enigmáticos. O que chamamos inspiração é uma fagulha que brota de qualquer parte, de um inescrutável sonho, um acontecimento que nos mobiliza ou do diálogo com a composição de outro artista. Em todos esses casos, há um risco, o plágio. É um fantasma que ronda todos criadores, inclusive os mais bem-sucedidos. O novo episódio de edição do Prelo traz uma conversa com o compositor, escritor e advogado Juca Novaes sobre o seu mais recente livro, Você diz que meu samba é plágio: histórias de plágio (ou não) na música popular brasileira (Edufba), em coautoria com Rodrigo Moraes. O papo cobriu muitos temas sobre o assunto, todos muito curiosos e elucidativos:✅ Plágios conscientes & inconscientes: o que caracteriza o plágio e como se proteger dos plagiadores;✅ A história de uma bestseller, autora de livros em saúde mental, apanhada em flagrante delito;✅ Plágios clássicos na música e na literatura: Carolina Nabuco & Daphne du Maurier; Moacir Sclyar & Yann Martel; Jorge Ben & Rod Stewart. ✅ A ascenção de um plagiador serial: a Inteligência Artificial, as leis de proteção, e o insubstituível material humano nas artes.Espero que se divirta tanto quanto eu!Clique aqui para adquirir o livro Você diz que meu samba é plágio: histórias de plágio (ou não) na música popular brasileira (Edufba) Clique aqui para adquirir o romance do Juca Novaes, Meio Almodóvar, Meio Fellini (Contracorrente) Conheça mais o trabalho do Juca Novaes:https://www.instagram.com/jucanovaes/https://www.facebook.com/JucaNovaesOficial/https://open.spotify.com/intl-pt/artist/2pb7POxZardOYAkXBxVGRcProdução e edição de áudio: Fábio Corrêa
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    1:12:00
  • Terapia do livro: como a leitura pode transformar o mundo e a si mesmo
    #118 – Não: a leitura não pode ser mais vista como um hábito elitista. Houve um tempo em que a interpretação de texto, da mensagem, do diálogo, era uma arte tão consumada e habitual que sequer possuía nome. As convulsões da democracia hoje comprovam que saber ler – um livro, o mundo –, não é capricho, mas necessidade.  Não há sociedade nem autonomia sem a leitura. Mas além disso, a ciência comprova o que leitores já intuem há séculos: os livros são um bálsamo. O hábito de mergulhar em uma ficção gera benefícios para a nossa saúde mental e física, combate a depressão, nos ajuda a elaborar nossas angústias e desenvolve nossa empatia. Amplia nosso repertório e expande nossa compreensão do mundo. Embalados pelo enredo, pela voz do texto ou pelas experiências de um personagem, partimos em uma viagem da qual dificilmente saímos intactos. Sentados no sofá ou num banco de praça, vivemos outros destinos. De golpe, estamos em Marte. Na Inglaterra vitoriana. Voamos, submergimos. Afeto e cognição se fazem um só e todo sentido.Nas últimas décadas, a sistematização da leitura para o bem-estar ganhou uma prática específica, chamada de biblioterapia. Neste episódio do Prelo, investigamos como a literatura é capaz de nos proporcionar modos mais saudáveis de existência. Isso, é claro, sem perder a sua função primordial, a de ser uma prática intrinsecamente inútil em seu sentido mais profundamente subversivo.Referências“The Novel Cure: An A-Z of Literary Remedies”, de Ella Berthoud e Susan Elderkin “When Literature Comes to Our Aid”, de Kelda Green Entrevistas sobre hábitos de leitura em 1976: https://www.instagram.com/reel/DGbQx-SxrAV/?igsh=NXFidGV6aWIwdmE2A biblioteca de Michel de Montaigne: https://www.bvh.univ-tours.fr//MONLOE/3D/montaigne_01/librairie.htmlProdução e edição de áudio: Fábio Corrêa
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    40:49
  • Clareza de Pensamento: boas (e pequenas) escolhas que transformam a escrita
    #117 –  Embora nem sempre um ato de urgência, a escrita – ao menos para as pessoas entretidas no ofício – é uma prioridade. Escrevemos para saber onde estamos, e para onde vamos. Escrevemos para dar corpo ao nosso corpo. Para abrir os olhos. E para fechá-los.E para isso, será preciso conceber um lugar sereno a partir do qual nos assentamos. Um jardim, um pequeno templo. Um tatame. A terra úmida onde enterrar a semente. Um lugar predominantemente psíquico.O problema é que as condições para a criação quase nunca serão perfeitas. Você sabe disso. A figura do escritor monástico no alto de um penhasco, olhando tudo do alto com bravura, ousadia, solidão subjetivante, ferramentas à mão, é uma redonda miragem. Herança, talvez, de um narcisismo primário, de uma primeira infância na qual bastava sonhar e o sonho se realizava.Viver é escorregar. E equilibrar a saúde mental às escolhas inerentes à escrita – tema, estofos dos personagens, estilo e complexidade narrativa – tampouco são fáceis. O que nos falta, muitas vezes, é clareza de pensamento. Mas o que se sabe sobre isso? Como construi-la? Onde encontrá-la? Como identificá-la?Neste episódio do Prelo, converso sobre a importância das boas escolhas que nos permitem assenhorar-se, ainda que de modo provisório, das circunstâncias para que a viagem da criação artística seja concreta. 
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    35:51
  • Inspiração e Devaneio na Prática Regular da Escrita
    #116 – É um caminho comum. O desejo da escrita se torna projeto. Tornando-se projeto, vira tarefa. E como tarefa, aliena-se. É algo a mais a cumprir. Perde o sentido.Se o ofício requer prática, recorrência, assiduidade, torna-se fundamental  aprender uma prática dentro da prática: aquela que impede a escrita de se converter em exercício: repetição mecânica, protocolar, que busque o caminho mais curto, o caminho do lugar comum, do discursivo, do mero pertencimento a um grupo, a um corpo de expectativas. Escrever pode ser prazeroso. O que nunca poderá se tornar é conveniente. Algumas condições subjetivas tornam a escrita possível. E mais que possível – fluida, feliz, estimulante. Deixar os pensamentos flutuarem, os olhos descansarem sobre as coisas. Deixar-se impregnar. Deixar-se levar pelos rios, afluentes, regatos associativos. Estancar em uma preocupação, em um constrangimento da infância. Descer por esta toca de coelho. Tatear às escuras.Neste novo episódio de Prelo, falo da inspiração e do devaneio na prática regular da Escrita.Se você quiser receber as minhas crônicas – reflexões sobre cultura, história viagem, cultura & gastronomia, experiências de caminhada e meditação, não deixe de se inscrever! Basta clicar aqui: https://escritacriativa.net.br/dez-anos-dez-dias
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    40:05

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Sobre Prelo

Prelo apresenta os recursos e reflexões para que escritores possam construir uma disciplina autoral, escrever o seu livro e publicar da melhor maneira possível. Se você nutre o desejo de escrever uma obra de ficção ou não-ficção: um romance, um livro de contos, uma peça de jornalismo literário, um ensaio, uma saga distópica, a narrativa de uma viagem, uma obra infantojuvenil ou um projeto autoficcional – ou se já publicou uma obra e gostaria de sanar as lacunas de sua formação –, você está no lugar certo. Prelo é um podcast quinzenal com o escritor e professor de criação literária Tiago Novaes, autor de uma variedade de livros, finalista dos maiores prêmios literários e vencedor de uma série de bolsas de criação. Combinando entrevistas com grandes escritores, editores e críticos, reflexões pessoais, leituras e experiências concretas na literatura, Prelo oferece os caminhos para que você possa vencer as bolhas do mercado editorial, compreender os segredos da Escrita Criativa e construir o seu projeto ficcional – da ideia original à publicação, da inspiração ao cotidiano de um escritor em tempo integral. Clique agora no botão de inscrição e assuma o seu desejo de tornar-se uma escritora ou escritor.
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