Jorge Hernâni-Eusébio acredita que se deve olhar para a dor e tratá-la sem preconceitos e vieses nascidos do contacto com o doente
A gestão e controlo da dor é um dos motivos mais comuns que leva os utentes aos consultórios dos médicos de família em Portugal. Contudo, a dor continua a ser uma espécie de «patinho feio» no que respeita à implementação de estratégias e respostas estruturadas no terreno, facto para o qual contribui também, é certo, a circunstância de não constar entre os programas prioritários da Direção-Geral da Saúde um Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Dor atualizado.Neste episódio, o nosso convidado Jorge Hernâni-Eusébio (especialista em Medicina Geral e Familiar no Trofa Saúde Braga Sul, membro do Grupo de Estudos da Dor da APMGF, assistente convidado na Escola de Medicina da Universidade do Minho, investigador no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde e conselheiro da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde) analisa o que é urgente fazer no nosso país para tornar a dor numa verdadeira prioridade de saúde pública, a começar por mais e melhor formação para os profissionais neste domínio – sobretudo ao nível da Medicina Familiar – a promoção de um registo nacional da dor e a aposta em abordagens multidisciplinares para lidar com os diferentes tipos de dor mais prevalentes.O especialista em dor recorda ainda que embora as pessoas convivam com a dor e a representem de forma diversa, de acordo com a sua cultura, género, contexto familiar, etc., é fundamental que os profissionais nunca desvalorizem o sofrimento de quem está à sua frente e avancem com um estudo aprofundado dessa mesma dor, numa abordagem “sem preconceitos e vieses”.
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David Marçal... o defensor da ciência séria (mas não aborrecida)
Bioquímico de formação, David Marçal tem-se destacado nos últimos anos enquanto fantástico comunicador de ciência e infatigável combatente de todos aqueles que procuram denegrir, diminuir ou marginalizar as mais valias para a humanidade que nascem do método e labor cientifico e que se se afundam, em alternativa, nos poços da desinformação, em realidades paralelas que travam o avanço civilizacional.A sua energia é aplicada nos novos canais de difusão – como as redes sociais e plataformas digitais, onde por vezes se vê obrigado a contrariar as perspetivas e opiniões não fundamentadas de falsos profetas da verdade – mas também em meios tradicionais como os livros. A este propósito, basta relembrar as obras centradas no esclarecimento científico do grande público que lançou a solo, entre as quais se contam «Como Perder Amigos Rapidamente - e aborrecer as pessoas com factos e ciência» ou «Pseudociência», assim como aquelas que editou em conjunto com outras mentes brilhantes, como Carlos Fiolhais, acervo que nos deu escritos como «Darwin aos Tiros & Outras Histórias de Ciência», «A Ciência e os Seus Inimigos», ou «Pipocas com Telemóvel e outras Histórias de Falsa Ciência», cuja versão revista e melhorada acaba de chegar às estantes das livrarias.Sobre tudo isto (e muito mais) falámos com o nosso convidado, que nos deixou seguros de pelo menos duas coisas: embora “a burrice tenha mais voz”, a ciência “ajuda-nos a transcender o potencial humano”.
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Dados em saúde e processo clínico digital: doente auto-determinado ou doente ultrapassado? Carla Barbosa esclarece...
Alguma vez sentiu apreensão ou dúvidas, enquanto profissional de saúde, no momento em que recolhe e regista dados dos seus doentes em consulta? Sobre como é guardada, processada e partilhada essa informação? Sobre quem acede ao processo clínico? Estarão os direitos dos utentes/doentes a ser devidamente protegidos? E quando está envolvido no desenho e execução de estudos, já hesitou alguma vez na definição dos dados a colher ou na utilização de dados provenientes de investigações do passado? Sente que a Inteligência Artificial encerra grandes esperanças, mas acredita que subsistem questões sensíveis nos planos ético e legal? É firme defensor da Telesaúde e Telemedicina, todavia questiona-se sobre se deveriam existir mais salvaguardas neste tipo de interação médico-paciente?Todas estas questões são extremamente oportunas e atuais, pelo que nos deu um enorme gosto receber neste episódio do Podcast «Saúde em Família» Carla Barbosa, alguém que sabe mesmo do que está falar, quando se trata de proteção de dados em contexto de saúde e dos direitos e deveres dos utilizadores dos serviços de saúde. Carla Barbosa, Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e mestre em Bioética pela Universitat de Barcelona, tem extensa formação e experiência nas áreas da Bioética, Direito da Medicina, Direito da Farmácia e Medicamento e Proteção de Dados em Saúde. É investigadora e docente do Centro de Direito Biomédico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, consultora em projetos internacionais na área da saúde financiados pela Comissão Europeia e autora de inúmeros artigos em publicações nacionais e internacionais sobre direito da saúde.
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Carlos Robalo Cordeiro defende mais itens da área respiratória valorizáveis para incentivos nos cuidados primários
Homem de grande experiência clínica e académica, atual diretor do Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra e diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, para além de past president da European Respiratory Society, Carlos Robalo Cordeiro oferece-nos neste episódio uma visão multidimensional e singular sobre a gestão de patologias muito prevalentes na consulta do médico de família, como a DPOC e a asma. São também indispensáveis as suas reflexões sobre o combate coletivo contra os malefícios do tabaco, o nível da educação médica em Portugal, a importância de contemplar mais indicadores na área respiratória merecedores de incentivos para as equipas dos cuidados de saúde primários e a aposta no reforço da sustentabilidade de um SNS que atravessa momentos difíceis e ameaça ficar desertificado de recursos médicos.
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Débora Miranda ajuda-nos a perceber que comunicar bem é um imperativo em saúde
Enquanto especialista em comunicação em saúde e ciência, Débora Miranda trabalhou ao longo dos anos em equipas, organizações e contextos de enorme complexidade, sempre com um objetivo último em mente: esclarecer as pessoas com eficácia e afastá-las de mensagens enganadoras. Neste episódio analisa o que mudou com a entrada em cena dos novos formatos e meios de comunicação de massas, o que podem fazer os profissionais de saúde – médicos de família incluídos – para aperfeiçoarem os seus skills comunicacionais e as estratégias que todos devemos implementar com vista a reduzir o impacto da desinformação agressiva, fenómeno que veio poluir a discussão pública em torno na saúde e do bem-estar.
A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) convida as mais interessantes personalidades da Medicina e da Ciência para debater temas complexos, de forma descomplexada. Literacia em saúde, capacitação dos doentes e famílias, integração de cuidados, desafios na gestão em saúde, divulgação científica, políticas e pensamento estratégico em saúde, a interação entre sistema de saúde, profissionais e utentes, a evolução das formas de cuidar, a relação entre a Medicina e as Artes ou a prática médica no tempo do imediatismo e das redes sociais. Sobre tudo isto e muito mais se centrará o «Saúde em Família», com condução de Armando Brito de Sá e Tiago Reis.