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O Tal Podcast

Paula Cardoso e Georgina Angélica
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  • Jimmy P: “Fui-me tornando mais sensível, e tinha vergonha disso. Com a idade, percebi que não é uma coisa má, acho que é um superpoder”
    Entre a maldição e a bênção de uma noite que lhe poderia ter custado a vida, Jimmy P encontrou o impulso que faltava para se dedicar inteiramente à música. “Quando saí do hospital, montei o meu estúdio em casa. Estava praticamente de cama, mas com uma mão conseguia ir ao computador e gravar. Queria muito aquilo, e estava a sair-me da alma”, conta o artista neste episódio d’ O Tal Podcast. As memórias remontam a 2011, marcam o início de uma carreira bem-sucedida – “O meu primeiro som a ter sucesso foi depois disso” –,mas, antes desse salto criativo, recuam a história do artista a um passado de excessos. “Eu podia não estar vivo, ou não ter o braço”, sublinha, expondo as cicatrizes de uma série de cirurgias, vividas durante mais de dois meses de hospitalização. “Tinha acabado a faculdade há cerca de três anos, e fui trabalhar para uma empresa grande do têxtil. Foi-me atribuído um lugar de chefia, ganhava bem, viajava muito, e gostava verdadeiramente daquilo, mas não estava preparado para aquela maratona”. Além dos voos profissionais, demasiado altos naquela fase, Jimmy tinha embarcado numa relação abusiva, e, a determinada altura, o consumo de álcool e drogas tornou-se habitual. Por isso, ao acordar e se deparar com o ortopedista que o operou, a confusão ainda era total. “Eu não me lembrava de nada, e a minha primeira pergunta foi: é da polícia?”. A ligação médico-paciente evoluiu para a amizade e, hoje, o músico cuida não apenas das marcas que deixam visíveis cicatrizes na pele, mas também daquelas invisíveis, que criam feridas emocionais. “Ter tido alguns problemas de saúde mental permitiu desconstruir-me, e perceber certos comportamentos”, nota Jimmy, recém-regressado de uma paragem de um ano, e já consciente dos padrões que foi reproduzindo. “Durante muito tempo, era duro e muito exigente comigo, e se calhar elogiava pouco as minhas conquistas e as coisas boas que fazia. Hoje tenho uma relação muito mais saudável comigo”. O diagnóstico inclui mais autoconhecimento: “Fui-me tornando mais sensível, e tinha vergonha disso. Com a idade, percebi que não é uma coisa má, acho que é um superpoder”. Ao mesmo tempo, essa consciência é indissociável do entendimento com os pais. “A minha mãe saiu de casa para me ter, com 18 ou 19 anos. Foi um ato de coragem e de amor gigante, mas nem sempre consegui ver assim”, admite, sublinhando o apoio incondicional que sempre recebeu do pai, o ex-futebolista Jorge Plácido. “Estou a educar as minhas filhas, mas preciso de olhar muito para mim para conseguir ser um bom pai”. No processo de se reconciliar com a própria história e a dos pais, Jimmy defende a importância dessa autoanálise – “Nunca subi a um palco alcoolizado ou drogado, porque quero ter noção do que está a acontecer, quero desfrutar da experiência e quero vibrar na frequência certa” –, que recentemente se cruzou com a espiritualidade africana. “Durante anos ouvi dizer que era coisa do demónio, feitiçaria, magia negra e todas essas expressões”, nota, assumindo o compromisso de questionar o que aprendeu. “Tudo começou quando fui ao Senegal. Senti uma ligação muito forte, e a primeira coisa que fiz quando cheguei a Portugal foi um teste de ancestralidade, que revelou que 50% do meu ADN é daquela zona”. Nesta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, Jimmy P revela ainda como constrói a sua sorte e resiliência: “Não foram as 10 músicas que tiveram sucesso que me tornaram o artista que sou. Foram as outras que ninguém ouviu”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    55:48
  • Monica Lafayette: “Quando assinei contrato com a Nike, como Fashion Icon, mudei o jogo. Foi por causa do Cristiano Ronaldo que existiu esta campanha”
    Perdeu a conta ao número de celebridades com quem se cruzou em Londres, num circuito exclusivo, percorrido entre etiquetas de luxo. “Comecei como assistente do assistente do assistente, numa loja da Gucci, e ali entravam imensos artistas, tipo Pharrel Williams. E eu lembro-me que eu ia para a casa de banho a pensar: Isto é real?”. Mas foi em Portugal, a partir de uma campanha da Nike lançada por causa de Cristiano Ronaldo, que Monica Lafayette se tornou, ela própria, uma marca na arte de desfilar e criar estilos únicos. Apontada pelo gigante desportivo como ícone de moda, no âmbito de uma ação de apoio à presença portuguesa no Mundial de Futebol da África do Sul, a stylist conta, neste episódio d’ O Tal Podcast, o poder dessa convocatória. “Quando assinei contrato com a Nike, como Fashion Icon Ibérica, mudei o jogo”. À época recém-regressada a Lisboa, depois de uma temporada transformadora em Londres, Monica recorda que essa distinção ativou algumas resistências, entretanto ultrapassadas. “Na altura, foi um choque porque eu estava em Portugal há três anos, então houve muitos problemas. As pessoas achavam que eu estava aqui há pouco tempo, e recebi poucos parabéns de colegas”. Hoje com um percurso incontornável, que inclui a sua própria empresa, e também passou por Paris, a stylist sublinha, nesta conversa, como a sua trajetória se tem construído à margem de romantismos, e à prova de deslumbramentos. “Tive aquelas histórias que pensava que iam ser da novela: em que me apaixono, perco a virgindade e penso que vai ser para sempre. Mas não entrava no estereótipo da miúda-mulher-mãe, comecei a desconectar-me e terminei a relação. Acredito que até hoje ele não aceita isso. Então afastou-se de mim e do meu filho”. Mãe de Maximus, a empresária partilha com Georgina Angélica e Paula Cardoso algumas das feridas abertas a partir da maternidade e separação precoces. “Tive que começar a fazer-me à vida mais a sério. Na altura estava a estudar para a faculdade e tinha que ter um part-time - trabalhava na Springfield do Colombo a dobrar polos. Mas as pessoas olham para nós, e acham que saímos do helicóptero, já prontas, e com o cabelo a voar”. Aos 42 anos, e com um filho de 23, Monica depara-se hoje com outro tipo de desafios: “Agora que o meu filho é um homem, tenho tempo e digo: quem sou eu? Do que gosto?”. Os planos de vida, antecipa a stylist, passam pela sua Angola de nascimento, pertencimento e redireccionamento. “O Coréon Dú, filho do ex-Presidente da República de Angola, convidou-me para ser a figurinista e diretora criativa principal da novela Windeck. Na altura tinha zero ideia de quem ele era”. A experiência permitiu não apenas assumir novas responsabilidades, mas também fortalecer identidades. “De repente estás em Londres, em Paris, em Nova Iorque, e voltas a Luanda e dizes: eu sou daqui. E olhas para a tua família, para a tua comunidade e dizes: sou um bocado disto, um bocado daquilo”. Além do ambicionado regresso às raízes – “vou voltar a tentar viver em Luanda, ou a ter mais projetos lá” –, Monica revela o desejo de resgatar sonhos interrompidos. “Acredito no casamento, no amor, na união. Quero ter alguém, mas na minha frequência. Ou numa outra frequência, mas que acrescente, e que honre os lugares em que eu já estive, que não me veja como um troféu e não se assuste, porque as pessoas cada vez mais assustam-se com mulheres como nós”. Siga a conversa, na companhia de Georgina Angélica e Paula Cardoso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    1:09:11
  • Episódio Especial ao Vivo: “Precisamos voltar a esta cena super futurista que é estarmos juntos uns com os outros”
    Ao vivo na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, numa atmosfera intimista que contou com a intervenção do público, Georgina Angélica e Paula Cardoso receberam como convidadas a jornalista Catarina Marques Rodrigues e a multifacetada artista Selma Uamusse, para uma conversa sob o tema “Abrir espaço para o inesperado”. Neste episódio especial d’ O Tal Podcast, as anfitriãs inauguram um ciclo de encontros que pretende aproximar podcasters e públicos, a partir de conversas sobre o que nos une, afasta e mobiliza a escutar, falar e agir. A proposta juntou, no passado dia 22 de junho, Catarina Marques Rodrigues, autora do podcast “Dona da Casa”, que integra a programação da Antena 3, e Selma Uamusse, uma das apresentadoras do “Cinco à Quinta”, formato apresentado na Antena 1. Desafiadas por Georgina Angélica e Paula Cardoso a “Abrir espaço para o inesperado”, Catarina e Selma partilharam o seu compromisso com a construção de um mundo mais inclusivo, a partir do diálogo. “Precisamos de parar de achar que somos donos da razão, e escutarmos mais”, sugere a cantora, autora, compositora e performer, acrescentando que “num tempo em que queremos muito ter um espaço de fala, a escuta ensina-nos muito”. Mas, até que ponto temos a capacidade de cultivar o silêncio num mundo em que o ruído ganha cada vez mais palco? Catarina lembra que há um lugar de autoproteção quando, conscientemente, escolhemos não dizer nada. “O silêncio também te leva à tranquilidade de sentires que não tens que começar uma guerra de cada vez que te sentes injustiçada, ou que te sentes vista com um olhar que não é correto”. Entre o que se cala e se diz, Selma lembra a importância de abrir caminho para novos encontros. “Como é que chego ao outro? Através do amor. E isso tem que ser aquilo que me tira o medo de falar com uma pessoa que votou no Chega, com uma pessoa diferente de mim. Onde há amor não há medo". Talvez more aí, nessa ausência de amor, a explicação para as barreiras que erguemos à nossa volta. “O medo é a raiz de muitos dos nossos problemas. O medo de perdermos poder, de não sermos importantes, de os outros nos virem substituir, de não sermos aquilo que poderíamos ser, por causa dos outros e do sistema que outros criaram, o medo de tudo, e de nós próprios” Aqui enterrados e assim aterrados, como escapar? Selma troca os cultos de personalidade pelo cultivar de comunidades. “Mudo de casa, e a primeira coisa que faço é tocar à campainha [dos vizinhos] e dizer: olá, eu sou a Selma, este é o meu marido, estas são as minhas filhas, se precisarem de alguma coisa, nós estamos cá. Eu vou precisar de vocês”. Na disponibilidade para o outro, percebemos, se calhar, que o património humano que nos liga é muito maior do que as perceções desumanas que nos afastam. “O real problema não são os ciganos ou as pessoas trans, é uma narrativa para nos pôr em guerra, e ver o outro como o nosso inimigo”, nota Catarina, enquanto Selma acrescenta: “Precisamos voltar a esta cena super futurista que é estarmos juntos, uns com os outros”. O Tal Podcast quer continuar a abrir esse espaço, por isso no próximo dia 28 de setembro regressa à Fábrica Braço de Prata, com a gravação ao vivo de um novo episódio. Até lá, pode ouvir aqui a conversa de Georgina Angélica e Paula Cardoso com Catarina Marques Rodrigues e Selma Uamusse.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    1:34:29
  • Joana Gorjão Henriques: “Todos os dias faço uma desaprendizagem dos meus preconceitos”
    Humanista da parte de pai e mãe, Joana Gorjão Henriques partilha, neste episódio d’ O Tal Podcast, como o património de valores familiares se tornou um ativo para a vida. “O meu pai tinha uma relação muito próxima com Cabo Verde, porque foi cooperante depois do 25 de Abril. A minha mãe era educadora de infância, e especializou-se em meninos com necessidades especiais”, conta, recordando algumas experiências que a marcaram. O pai, por exemplo, regressou da temporada cabo-verdiana com um novo hábito: “Fazia uma coisa que nunca mais me esqueci, que era parar nas paragens do autocarro a perguntar às pessoas se queriam boleia, porque tinha lugar no carro”. Já a mãe, acrescenta, “fazia trabalho na escola pública”, e tinha o cuidado de mostrar aos filhos “outras vidas”, humanizando-as. Não estranha, por isso, que a jornalista encontre na educação que recebeu as raízes para um compromisso que se tornou central nas suas escolhas: a defesa da Justiça. “Quando alguma coisa não está bem, vou por aí afora para tentar corrigir aquilo que acho que são injustiças”, assinala Joana, distinguida em 2018 com a medalha de ouro comemorativa do 50.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos da Assembleia da República. O reconhecimento profissional – pela publicação de várias reportagens “sobre o tema do racismo e da discriminação” e, em particular, pela série “Racismo à Portuguesa” – tem marcado a trajetória de Joana, que, no entanto, afasta excecionalismos. “Não acho que seja especial, ou que tenha alguma coisa extraordinária, o facto de alguém vir de um meio privilegiado e fazer o tipo de trabalho que faço”. A especialização, revela nesta conversa com Georgina Angélica e Paula Cardoso, tornou-se incontornável a partir de dois anos de período sabático, em que foi bolseira da Nieman Foundation for Journalism, na Universidade de Harvard. “Estudar Sociologia nos EUA deu-me uma perspectiva completamente diferente das questões raciais”, nota, explicando que a experiência americana lhe permitiu “olhar para as questões da discriminação de uma maneira estrutural”. No regresso a Portugal, precedido ainda de uma temporada em Inglaterra para estudos em “Sociologia da Raça”, a jornalista sentiu necessidade de perceber melhor a realidade afrodescendente do país. “Especializei-me [na denúncia do racismo] no sentido de começar a reportar ciclicamente e com consistência, um problema da sociedade portuguesa que ficava um bocadinho nos cantos”. O trabalho vai ao encontro de uma velha e longa prática profissional: “Há uma tradição jornalística de denunciar situações de injustiça e discriminação”, lembra Joana, sem esquecer os desafios. “Nós, jornais e media, temos muita responsabilidade em não ter posto bastantes travões [ao discurso de ódio], em alturas que era absolutamente necessário fazê-lo” Aqui chegados, como recuperar? A convidada desta semana de Georgina Angélica e Paula Cardoso parte do próprio compromisso. “Ao contrário das pessoas que sofrem discriminação, eu posso dizer ‘já não me apetece mais falar sobre isto’. Isso é um privilégio. Acho que o sentido de responsabilidade me faz continuar a andar”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    53:05
  • Fernando Cabral: “Tenho sangue revolucionário fortíssimo. Acho que por isso me apaixonei pelo reggae”
    Filho de Luís Cabral, primeiro Presidente da República da Guiné-Bissau, e sobrinho de Amílcar Cabral, o histórico líder do PAIGC, Fernando Cabral encontrou nas raízes musicais da Jamaica um lugar de autodeterminação. “Quando as pessoas perguntam porque é que tens uma ligação forte com o reggae, eu digo: porque é uma música revolucionária, e eu tenho sangue revolucionário”. Desde os 25 anos profissionalmente lançado na indústria musical, Fernando percebeu, a partir de um estágio na VP Recordas, apontada como a maior editora mundial de reggae, que poderia fazer carreira entre sonoridades jamaicanas. A experiência, vivida em Nova Iorque, foi acompanhada de uma rotina especial: “Ia para Jamaica todos os dias”, recorda o programador musical e produtor de eventos, situando a conversa na estação de metro de Jamaica, em Queens, sede da editora. “Eu estava num armazém com os discos todos, com vedetas de reggae a entrar lá todos os dias. Foi o início de tudo para mim”. O circuito de espetáculos, festas “e tudo à grande” teve como reverso da medalha uma cambalhota de excessos, interrompida com a chegada da pandemia. “O Covid foi a minha salvação, porque parou o meu trabalho”, conta Fernando, assumindo, sem tabus, todas as escolhas: “Não tenho problemas em dizer: tive problemas de adição, e fiz um tratamento”. A mudança aconteceu aos 44 anos, marcados por várias lições. “Gostava de ter entrado em sobriedade mais cedo, mas aprendi muito e tive uma vida espetacular. Agora é olhar para a frente”. Pai de Marley e de Makeda, nomes escolhidos como homenagens ao ícone do reggae e à rainha de Sabá, Fernando sublinha a importância de honrar a herança Cabralista . “O legado que tenho na minha vida é de que não há impossíveis. Tudo o que eu quero, vou atrás”. Depois de lançar, com um amigo, a marca de roupa VIP – Very Important Preto, o programador musical quer expandir a ideia a um projeto de intervenção social, e de libertação das mentes. “O povo africano e o povo negro levou com tantos anos de ‘não prestas, és abaixo de nós’ que, de alguma forma, isso entrou na cabeça das pessoas”. Empenhado em transformar essa realidade, Fernando quer lançar um programa de formação de jovens, que abra novos caminhos de afirmação e valorização da negritude, já inaugurados com as t-shirts, hoodies e bonés da sua marca. “Raramente o preto é muito importante. O patinho feio é preto, o gato que dá azar é preto, tudo que é preto é mau. Então, pensei: por que não fazer uma cena que exaltasse [o preto]?”. A resposta veste-se com um apelo original, sem nunca despir ninguém. “A minha marca chama-se Very Important Preto. Podia ser Very Important Branco, Very Important Chinês, Very Important qualquer um. Todos somos pessoas incríveis e muito importantes”. Ouça esta conversa no episódio desta semana d’ O Tal Podcast, conduzido por Georgina Angélica e Paula Cardoso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    54:27

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Sobre O Tal Podcast

Um espaço onde cabem todas as vidas, emocionalmente ligadas por experiências de provação e histórias de humanização. Para percorrer sem guião, com autoria de Georgina Angélica e Paula Cardoso.
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