Episódio 14 - Figueira Reloaded - A Viagem Continua
Há verões que nunca acabam. Ou talvez seja a Figueira que não nos deixa sair dele. Voltamos à terra onde o vento aplica a exfoliação natural, a estrada do Enforca-Cães, agora lisinha, continua a cheirar a infância. A Casa dos Cogumelos ainda espreita lá ao longe, tão misteriosa como sempre, como se soubesse segredos que nós só suspeitamos.Comer pela Figueira é desporto radical. As pizzarias discutem entre si quem tem o pior nome, a pizza mais alta ou a esplanada mais minúscula. As hamburguerias são viagens no tempo: umas nunca fecham, outras nunca sabemos se abrem, e há sempre um cone de batata frita atolado em molho a lembrar-nos que fast food pode ser arte, se tiver história.Peixe fresco existe – mas é preciso sorte, paciência e ouvidos de ferro para aguentar os impropérios que voam da cozinha. Petiscos também, mas nem sempre sabemos se estamos num restaurante, numa tasca ou numa prova de resistência etílica. E há sítios onde a carta de vinhos vale mais que a ementa, e a carne sabe a redenção.No fim, é sempre igual: marisco aos molhos, areia na toalha, um vento que parece pessoalmente ofendido connosco… e aquela sensação de que a Figueira é um lugar onde tudo muda para que continue exatamente na mesma – e onde, apesar de tudo, já estamos a pensar quando voltamos.
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Episódio 13 - Coimbra B! Coimbra B! Vai dar entrada na linha nº2 o comboio com destino à Figueira da Foz, com paragem em todas as estações e apeadeiros, passando por Alfarelos.
Neste episódio, apanhamos o velho comboio da memória e descemos até à Figueira, esse santuário estival dos coimbrinhas em calções. Recordamos a romaria sagrada pela Nacional 111 — com paragens obrigatórias em pastéis e queijadas que valem mais que muitos doutoramentos. Entre salões de jogos decadentes, anões mitras, hambúrgueres do Cocktail, revivemos as férias onde se perdia a inocência e a dignidade numa noite só. Tudo isto embrulhado no areal infindável, debaixo da Nortada que esfrega o lombo como lixa nº 40, e com a acidez habitual que só um verdadeiro coimbrinha sabe servir, frio como um Safari-Cola mal misturado do DOX.
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Episódio 12 - Soltem os Prisioneiros, Choupal, Sabes quem é o Boda? e Lojas Históricas de Coimbra, o livro
Neste episódio, espreitamos os bastidores da Penitenciária de Coimbra – essa instituição centenária que produz candeeiros, móveis de museu e queijadas, tudo com mãos reclusas e precisão suíça. Um verdadeiro IKEA do Estado com grades e supervisão mínima.Depois, damos uma corrida mental pelo Choupal, essa mata que foi plantada para domar o Mondego e acabou como passadeira de jogging, namoro adolescente e, ocasionalmente, pequenos crimes.Recordamos ainda o “Boda”, figura lendária do recreio dos anos 90, mistura de obscenidade infantil e tradição oral em verso sujo, muito antes de haver TikTok para educar as massas.E fechamos com um mergulho nostálgico nas Lojas Históricas de Coimbra, num livro que nos lembra que o comércio local é mais velho e mais resiliente do que muitos cursos da Faculdade de Letras.Tudo com o habitual equilíbrio entre carinho e crueldade.
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Episódio 11 - Padeleiros Conimbricenses, o Menino da Lágrima de Coimbra, Pé de Ladrão e Festival M
A cidade está às moscas — a estudantada já partiu, os festivais ainda não chegaram, e sobra-nos este oásis radiofónico para aguentar o calor e o tédio. Neste episódio, mergulhamos na febre do padel, essa mistura improvável entre Tinder, networking do pobre e ginásio para gente que detesta suar. Com mais campos do que cafés por metro quadrado, Coimbra confirma-se como capital do montanhismo social.Depois, recuamos no tempo com o quadro de Coimbra do século XVI, onde já se adivinhavam as promessas vãs e os problemas estruturais de sempre, agora com a vantagem de termos Metro e um estádio. Falamos de ilhéus desaparecidos no Mondego, sonhos húmidos de Manhattan coimbrã e visões distópicas de uma Alcatraz em pleno Mondego.A expressão “pé de ladrão” também vai a dissecar: é regionalismo patusco ou usado nacionalmente? E será que os próprios ladrões a usam… ou riem-se dela enquanto nos levam o quadro do Georg Braun?Para terminar, recomendação cultural com o regresso do Festival M à Praia Fluvial de Torres do Mondego: dois dias de música indie-chique, natureza domesticada e liberdade supervisionada. Entrada livre, mas com forte risco de avistamento de crocs em estado líquido.
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26:12
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Episódio 10 - Eros e Afrodite na Saragoça, RUC’n’Roll, Cozido e Feira Popular com o King
Chegámos à dezena! Quem diria que o nosso Make Celas Great Again iria tão longe? Pois é, 10 episódios a descobrir os recantos, as loucuras, as histórias e as idiossincrasias desta cidade.Neste episódio, embarcamos numa viagem que começa numa escadaria discreta da Rua Saragoça, onde entre aquecedores de gervásios se encontra o Museu Erótico de Coimbra — sim, leste bem, há vida além cidade conservadora.Depois, mergulhamos nas ondas sonoras da RUC, que mais do que uma estação é um autêntico património vivo da rádio portuguesa.Depois, sentamos à mesa com o prato mais consensualmente polémico da gastronomia portuguesa: o cozido à portuguesa. Schiuuu… aqui entre nós: as pessoas não gostam do cozido. Gostam é daquela orgia de enchidos e gorduras cozidas ou não.E para fechar, a Feira Popular está aí para animar a cidade, com o “King”, o braço radical que promete arrancar gritos até aos mais intrépidos. A 75ª edição traz tudo isso, e mais, com concertos e farturas.Acompanhem-nos, que a festa está só a começar.