
Ípsilon: os melhores do ano são Rosalía, Marco Martins e Gonçalo M. Tavares
22/12/2025 | 13min
Todos os anos, a equipa do suplemento Ipsílon, do PÚBLICO, faz as suas escolhas nas várias áreas. Este foi o ano de Lux, o último álbum da espanhola Rosalía. Como lê no texto que justifica a escolha, este é um disco do “domínio do sublime, um dos discos mais arrojados e inventivos da história da pop e da música do século XXI. É Rosalía a reinventar-se, aqui nas alturas, mostrando que a sua ambição artística corresponde na totalidade ao seu génio”. Mudando de tema, Time Stands Still, de Jeff Wall, foi considerada a exposição do ano. O artista canadiano reuniu 63 trabalhos no Maat, em Lisboa, entre os quais alguns dos mais emblemáticos, ao lado de outros mais recentes. Na dança, o Ipsílon destaca Fucking Future, de Marco da Siva Ferreira, que esteve no palco do Teatro Municipal Rivoli, no Porto, e, no teatro, o destaque vai para outro Marco, Marco Martins, que levou o seu Um Inimigo do Povo à cena, no Theatro Circo, em Braga. No cinema, Foi só um acidente, de Jafar Panahi, foi o filme escolhido. Este filme venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano e faz parte do habitual jogo do gato e do rato entre os cineastas iranianos e as autoridades que os querem impedir de realizar. Quanto à literatura, o melhor é ouvir este episódio. O convidado de hoje é Pedro Rios, editor do Ipsílon. Este episódio do P24 faz parte da série especial de balanços de final de ano. Nas duas próximas semanas, vamos voltar aos temas que marcaram 2025, mas vamos também olhar para o que nos espera em 2026.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Os carros do passado resistem e impõem uma derrota ao pacto ecológico europeu
19/12/2025 | 16min
Numa surpreendente decisão anunciada esta semana, a União Europeia decidiu adiar o fim dos carros alimentados por combustíveis fósseis em 2035. Bruxelas diz que com esta mudança pretende apoiar os esforços do sector na transição para a mobilidade limpa. A sua palavra de ordem é flexibilidade. Por um lado, aceita que as construtoras europeias e o mercado continuem a fabricar e vender carros a gasolina ou a diesel até um limite de 10% da produção. Por outro lado, reforça o apoio ao investimento em baterias e em veículos eléctricos construídos na União Europeia, exige mais incorporação de aço com menos teor de carbono e incentiva o uso de biocombustíveis. À superfície, a proposta da Comissão Europeia parece um ajuste na trajectória inscrita no pacto ecológico europeu. Mas não é bem assim. A mudança resulta de uma enorme pressão das construtoras que se atrasaram no investimento na mobilidade eléctrica. Uma pressão reforçada pelos estados membros onde esta indústria é mais relevante, a Alemanha e a Itália. E se, no geral, as empresas aplaudiram, houve outras que se juntaram aos ambientalistas num coro de protesto. Esta medida, dizem, vai atrasar o caminho para o futuro. Revela mais uma derrota na estratégia vanguardista da Europa no combate à crise climática. E, acrescentam, faz um enorme favor à China, o país que depois de anos de investimento se torna cada vez mais o campeão das energias limpas. Entre um compasso de espera e uma claudicação, como interpretar esta decisão da Comissão Europeia? Para nos ajudar a compreender este anúncio, temos connosco neste episódio Francisco Ferreira, professor no Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e presidente da associação ambientalista Zero.See omnystudio.com/listener for privacy information.

A maior ameaça que pairava sobre o Governo foi arquivada
18/12/2025 | 15min
Há nove dias, o procurador-geral da República prometeu uma decisão sobre a averiguação preventiva do caso Spinumviva e cumpriu: nesta quarta-feira, a meio da tarde, a procuradoria divulgou um comunicado que anunciava o seu arquivamento. Nove meses e dezenas de diligências depois, o Ministério Público concluiu não existir notícia da prática de ilícito criminal, nem perigo da sua prática estar a ocorrer. Luís Montenegro pode assim respirar de alívio. O caso que em surdina se transformou num fantasma que ameaçava a sua idoneidade e a credibilidade do seu governo, desapareceu. Daqui para a frente, a oposição pode insistir nas críticas à ética com que geriu a transferência da propriedade da empresa para a sua mulher e filhos e, depois, para os seus filhos ou sobre alegadas influências do seu poder na angariação de clientes. Mas, no essencial, o arquivamento da averiguação liberta-o de qualquer suspeita sobre a existência da prática de crime de recebimento ou oferta indevidos de vantagem. Encerrado o capítulo judicial, a menos que surjam entretanto novos indícios ou novos factos comprovados, falta ainda fazer o balanço das consequências deste caso que, recorde-se, fez cair o primeiro governo de Montenegro. Porque, de alguma forma, este arquivamento torna ainda mais insondável o clima áspero da crise política que desembocou nas eleições de Maio deste ano e num novo fôlego do Chega. E falta também avaliar que consequências terá este episódio nos rumos da governação Para analisarmos estas e outras questões da notícia ontem divulgada, temos connosco David Santiago, editor de política do PÚBLICO.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Ucrânia: é preciso “acabar com a ideia de que a UE não serve para nada”
17/12/2025 | 17min
Líderes de países europeus, secundados por Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, estão disponíveis para coordenar uma força multinacional na Ucrânia, apoiada pelos EUA. Aquele contingente militar ajudaria a Ucrânia na protecção do espaço aéreo, no reforço da segurança marítima, e os EUA ficariam com a monitorização do cessar-fogo. Caso isso aconteça, a dezena de líderes que esteve reunida, nos últimos dias, em Berlim, estará, também, disponível para aceitar eventuais concessões territoriais ucranianas, em troca de “robustas garantias de segurança”. Foi o próprio presidente Volodymyr Zelensky quem disse estar preparado para deixar cair a adesão do seu país à NATO, uma exigência russa, em troca de garantias de segurança por parte do Ocidente. Isto não quer dizer que Zelensky esteja disposto a ceder território a Moscovo, como sempre defenderam os russos, até porque, constitucionalmente, está impedido de o fazer. Manuel Sermano, colunista habitual do PÚBLICO, diz que no conselho europeu de amanhã, no qual se discutirá o que fazer com os activos russos retidos na Bélgica, estará não só em causa o futuro da Ucrânia, mas também o futuro da própria União Europeia. Especialista em assuntos europeus e política internacional, Manuel Serrano é o convidado do episódio de hoje.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Tudo em aberto na corrida presidencial
16/12/2025 | 18min
Há poucas semanas, em entrevista ao canal Now, André Ventura explicava que avançou na corrida a Belém por falta de comparência de figuras que defendessem o programa do seu partido. Bem se sabe que esse argumento vale o que vale, mas a verdade é que Ventura avançou com esta desculpa e, até à data, a sua iniciativa está a correr bem. Ainda falta mais de um mês para as eleições presidenciais, ainda há 18% dos eleitores que continuam sem fazer a escolha da pessoa que querem ver no Palácio Belém, mas a sondagem da Universidade Católica para o Público e RTP divulgada esta segunda-feira permite-nos desde já confirmar que os candidatos hoje mais bem posicionados para disputar uma segunda volta são André Ventura e Luís Marques Mendes. De acordo com esse inquérito, André Ventura receberia 22% dos votos, Luís Marques Mendes 20%, Henrique Gouveia e Melo 18%, António José Seguro 16% e João Cotrim de Figueiredo 14%. Todos os candidatos mais à esquerda têm menos de 3% e os principais concorrentes têm resultados dentro da margem de erro. Já numa segunda volta, Luís Marques Mendes parece ser imbatível, ganhando a eleição a qualquer um dos seus opositores. Ganharia a Gouveia e Melo com uma diferença de 8 pontos percentuais, a António José Seguro por cinco pontos e a André Ventura por uns expressivos 43 pontos percentuais de diferença. A sondagem fez perguntas aos inquiridos que nos ajudam a perceber a discrepância entre o bom resultado de Ventura na primeira volta e a sua suposta derrota anunciada na segunda. É que Ventura consegue reter 65% do eleitorado que votou no Chega nas Legislativas deste ano, enquanto Marques Mendes só conquista 33% dos votantes da AD e Seguro 39% do PS. Ao mesmo tempo, Ventura é capaz de atrair 9% dos eleitores da AD e fica-se por aí. Marques Mendes consegue disputar 10% dos votos dos eleitores do PS e Seguro tem condições de ir atrair 10% dos votantes na AD. Mais transversal, Gouveia e Melo pesca em todos os partidos: consegue atrair 15% dos eleitores da AD, 12% do Chega e 20% do PS. Da mesma forma, João Cotrim de Figueiredo consegue atrair 17% do eleitorado da AD para a sua candidatura. Ventura parece condenado a perder na segunda volta porque, se consegue fidelizar os eleitores do Chega, não é capaz de atrair outro eleitorado. 57% acham que ele tem o pior perfil de todos para ser presidente, contra 5% de António José Seguro. E à pergunta sobre quem tem o melhor perfil, fica em último, a seguir a Marques Mendes, Gouveia e Melo, Seguro e Cotrim, por esta ordem. No essencial, porém, o que esta sondagem nos diz é que está tudo em aberto entre os cinco candidatos da frente. Mas diz-nos também que as três candidaturas da esquerda se arriscam a uma pesada de derrota. O que serve para animar o debate nessa área política. Com os 8% de votos de Catarina Martins, António Filipe e Jorge Pinto, António José Seguro tinha, em teoria, lugar praticamente garantido na segunda volta. Vamos falar sobre este e outros ângulos de discussão suscitados por esta sondagem com David Pontes, director do PÚBLICO.See omnystudio.com/listener for privacy information.



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