Angola, Portugal e a Construção de uma Nova Vida, com Manuel Barros
Manuel Barros nasceu em Angola e viveu a sua infância naquele país africano, tendo experienciado em primeira mão os efeitos da Revolução dos Cravos e o processo tumultuoso da descolonização portuguesa. Aos 16 anos, fugido da guerra e do caos pós-independência, chegou sozinho a Portugal, onde foi acolhido pela família em Coucieiro, Vila Verde. A sua trajetória é marcada por uma profunda ligação às raízes familiares, pela superação de adversidades e pelo envolvimento cívico e político, tornando-se uma referência na vida pública local e nacional.Manuel Barros partilha uma memória viva e emotiva do 25 de Abril, que acompanhou em Angola, ouvindo a “Grândola Vila Morena” pela rádio com a família. Aos 15 anos, sentiu a esperança da liberdade, mas pouco depois enfrentou o drama da descolonização: o caos da guerra separou a sua família, obrigando-o a fugir sozinho para Portugal, numa ponte aérea que trouxe mais de meio milhão de retornados. Chegou a Coucieiro, Vila Verde, onde foi recebido com carinho pela avó e pela comunidade local, num tempo de pobreza e incerteza. O reencontro com as raízes e a solidariedade das pessoas foram fundamentais para superar a dor da perda e reconstruir a esperança. Manuel Barros destaca ainda o seu envolvimento precoce no associativismo e na vida cívica, motivado pelo exemplo de professores, familiares e líderes comunitários. Ao refletir sobre a descolonização, Manuel entende que foi "um processo que terá sido o possível, não o desejável", marcado por urgência e sofrimento, e lembra a importância de uma reflexão crítica sobre este período, essencial para compreender os traumas coletivos e os desafios da integração dos retornados na sociedade portuguesa.Sugere alguns livros:"A Geração da Utopia" de PepetelaUma Análise Crítica de "Mestre dos Batuques" de José Eduardo AgualusaO Retorno : Livro de Dulce Maria Cardoso