Jorge Gabriel: “Muito pouca gente soube do meu cancro de pele, não tive um diagnóstico avassalador. Tinha de fazer uma intervenção e fiz”
Para um apresentador de televisão, com tantos anos de experiência, o cancro não é um tema tabu. Habituado a fazer entrevistas a doentes oncológicos, a ouvir histórias difíceis, diz que quando se deparou com o diagnóstico soube ter a tranquilidade necessária para enfrentar o problema. Conhecido de todos os portugueses pelas décadas em televisão, em programas como 'Quem Quer Ser Milionário?' e 'Praça da Alegria', Jorge Gabriel foi diagnosticado com um cancro da pele em 2011, quando tinha 42 anos. Soube que tinha um sinal estranho, perto das costelas, graças ao dermatologista Osvaldo Correia, que tinha estado a entrevistar. Foi visto ainda no estúdio de televisão, dias depois soube que tinha um melanoma.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Joana Gonçalves: “O cancro da mama foi uma merda, não aprendi nada, não me tornou melhor pessoa. Há mulheres com outra opinião, está tudo certo”
Ao contrário da maioria dos doentes oncológicos, Joana Gonçalves diz que o cancro não a tornou uma pessoa melhor, que a doença não lhe deu nada, que só lhe tirou. Considera que a positividade não salva ninguém, que o que salva são mesmo os tratamentos e os médicos. A empresária descobriu um cancro da mama triplo negativo, no ano passado, tinha 36 anos. Encontrou na música e na dança a alegria para lidar com os dias verdadeiramente infernais de quimioterapia. Socorreu-se do amor dos mais próximos: o companheiro, Luís Pedro Nunes, comentador da SIC; o seu grande amigo, o humorista Herman José; e todos os outros com quem chorou e riu durante o último ano. Joana, loira de olhos claro, viveu sempre com o rótulo de mulher bonita: com cancro a autoestima que tinha desapareceu e ainda está a tentar recuperá-la. Recentemente lançou o livro 'O Cancro é uma M*rda', onde partilha sem filtros a sua experiência.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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João da Silva: “Não vi uma lágrima dos meus pais e imagino o que devem ter chorado, não se mostravam abalados com o meu cancro para eu não ficar triste”
Aos 31 anos foi diagnosticado com um cancro no testículo. Concluiu os tratamentos e, quando já achava que estava livre da doença, veio de novo o choque. O cancro tinha voltado e ainda com mais força: já estava espalhado pelo corpo. Novo ciclo de tratamentos e foi dado novamente como curado. O problema é que seis meses depois, voltou a saber que o cancro tinha regressado pela terceira vez. Teve de fazer dois transplantes de medula, hemodiálise e depois um transplante renal. João da Silva, jornalista, agarrou-se à vida. Não deixou de fazer desporto, tornou-se vegetariano e um homem mais espiritual. Tem dado a cara pelo cancro e tem falado em inúmeras palestras, sem medo, sobre os momentos mais difíceis da sua vida. No podcast 'Tenho Cancro. E Depois?', conta a sua história ao lado do homem que considera seu santo, o professor José Luís Passos Coelho, oncologista que acompanhou todo o tratamento no IPO.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Anabela: “A minha mãe, a minha tia e a minha prima passaram por isto e estão cá. Porque é que não havia de ultrapassar o cancro da mama?”
Viveu de perto com o cancro da mama na família: primeiro a mãe, depois uma tia e a seguir uma prima direita. Já sabia o que significava a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia. Conhecida pelos portugueses pela sua voz doce, a cantora e atriz Anabela estava bem consciente dos riscos pelo seu histórico familiar, e todos os anos fazia exames. Em março de 2023, num desses exames de rotina, descobriu um cancro da mama. Diz que no meio do susto, saiu-lhe a sorte grande, porque não teve de fazer quimioterapia, nem radioterapia. Depois do cancro, tornou-se menos perfeccionista, mais prática e aprendeu a ouvir os sinais do corpo. Considera-se leve e positiva, mas diz que vive com medo de que o cancro possa voltar. No podcast 'Tenho Cancro. E Depois?', recorda o processo de tratamento, ao lado da cirurgiã Cristina Sousa Costa.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Álvaro Beleza: “Sem amigos não me safava do cancro do intestino, foram fundamentais. É quando se vê a importância de ter amigos verdadeiros”
Desde os 17 anos que o tratavam sempre por "doutor", foi preciso chegar aos 46 anos para ser tratado como "senhor Álvaro". Deixou de ser visto apenas como médico, para ser tratado como os outros doentes, quando teve um cancro no intestino em 2006. Álvaro Beleza, médico e conhecido militante do Partido Socialista, deparou-se com a ideia de que poderia morrer. Diz que a partir daí a vida mudou por completo: tornou-se melhor médico, porque entende verdadeiramente o sofrimento dos doentes; tornou-se melhor pai, porque o cancro levou-o a ficar mais tempo em casa, a tomar do filho que na altura tinha apenas 1 ano; tornou-se mais genuíno na política. Hoje fala-nos do cancro e também do poder da amizade, numa fase tão dura da vida.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Histórias de quem sobreviveu a um diagnóstico de cancro, de quem olhou a doença de frente e não a viu como um fim. Conversas intimistas, que revelam outro lado que desconhecíamos, de luta e de sofrimento, mas também de persistência e superação.
Todas as semanas a jornalista Sara Tainha convida figuras públicas e especialistas para reforçarem a esperança e a confiança de todos os que vivem com a doença.
'Tenho Cancro. E Depois?' é um projeto editorial da SIC Notícias e do Expresso, com o apoio da Novartis e da Germano de Sousa, com sonoplastia de Gustavo Carvalho, fotografia de Matilde Fieschi e Nuno Fox, capa de Tiago Pereira Santos e apoio à produção de Joana Henriques e João Filipe Lopes.
A música deste podcast foi cedida pelos Dead Combo em memória de Pedro Gonçalves.
Se quiser saber mais sobre este tema vá ao site do Tenho Cancro. E depois? e veja reportagens e artigos