Isabel Galriça Neto: “Nunca pensei ‘porquê a mim?’ O cancro acontece a muitas pessoas, de todas as idades. Não é um castigo, nem surgiu porque andei triste”
Há mais de 30 anos que lida de perto com quem enfrenta doença graves: tem a missão de fazer tudo o que está ao seu alcance para diminuir o sofrimento dos doentes, e apoiar as famílias. A médica Isabel Galriça Neto é uma referência incontornável nos cuidados paliativos em Portugal, foi deputada pelo CDS-PP e tem sido uma voz ativa contra a eutanásia. No ano passado, foi-lhe diagnosticado um cancro da mama triplo negativo, o mais grave. Rejeita a ideia de que o cancro é uma guerra, não gosta do conceito de vencedor ou vencido. Diz que houve dias que não conseguiu sair da cama e que pela primeira vez na vida não teve força para rezar. No podcast 'Tenho Cancro. E Depois?', conta a sua história ao lado da médica Mónica Nave, que a acompanhou durante os tratamentos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Inês Marinho: “Alguns amigos afastaram-se quando tive cancro, por medo de me ver mal. Outros pediram desculpa e voltaram a falar comigo depois”
Se ter um cancro é duro na vida adulta, como é ter na adolescência? Estar fechado num quarto de hospital, entre mil exames e tratamentos. Perder festas, noitadas e passeios entre amigos. Viver o primeiro amor à distância, com o peso do cancro. Aos 15 anos, Inês Marinho reparou que tinha um inchaço na clavícula. Diziam-lhe para não valorizar, para não ser dramática, mas sentia que era grave: chegou mesmo a dizer ao pai que sabia que era um cancro. Os exames confirmaram a sua intuição e foi diagnosticada com um linfoma. Agora com 27 anos, é conhecida pelo seu trabalho como ativista no combate à violência sexual. Criou a associação 'Não Partilhes', depois de ver a sua vida intimida partilhada na internet. No podcast 'Tenho Cancro. E Depois?', ao lado da enfermeira Ana Lúcia Silva, que a acompanhou durante os tratamentos, Inês Marinho aborda os dilemas, as dificuldades e as alegrias que viveu durante o cancro. Apesar da gravidade da situação, considera que foi a melhor fase da sua vida: antes da doença, era uma adolescente com pensamentos derrotistas e até suicidas. Após o diagnóstico, percebeu que afinal não queria morrer. E fez tudo para se agarrar à vida e sobreviver à doença.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Jorge Gabriel: “Muito pouca gente soube do meu cancro de pele, não tive um diagnóstico avassalador. Tinha de fazer uma intervenção e fiz”
Para um apresentador de televisão, com tantos anos de experiência, o cancro não é um tema tabu. Habituado a fazer entrevistas a doentes oncológicos, a ouvir histórias difíceis, diz que quando se deparou com o diagnóstico soube ter a tranquilidade necessária para enfrentar o problema. Conhecido de todos os portugueses pelas décadas em televisão, em programas como 'Quem Quer Ser Milionário?' e 'Praça da Alegria', Jorge Gabriel foi diagnosticado com um cancro da pele em 2011, quando tinha 42 anos. Soube que tinha um sinal estranho, perto das costelas, graças ao dermatologista Osvaldo Correia, que tinha estado a entrevistar. Foi visto ainda no estúdio de televisão, dias depois soube que tinha um melanoma.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Joana Gonçalves: “O cancro da mama foi uma merda, não aprendi nada, não me tornou melhor pessoa. Há mulheres com outra opinião, está tudo certo”
Ao contrário da maioria dos doentes oncológicos, Joana Gonçalves diz que o cancro não a tornou uma pessoa melhor, que a doença não lhe deu nada, que só lhe tirou. Considera que a positividade não salva ninguém, que o que salva são mesmo os tratamentos e os médicos. A empresária descobriu um cancro da mama triplo negativo, no ano passado, tinha 36 anos. Encontrou na música e na dança a alegria para lidar com os dias verdadeiramente infernais de quimioterapia. Socorreu-se do amor dos mais próximos: o companheiro, Luís Pedro Nunes, comentador da SIC; o seu grande amigo, o humorista Herman José; e todos os outros com quem chorou e riu durante o último ano. Joana, loira de olhos claro, viveu sempre com o rótulo de mulher bonita: com cancro a autoestima que tinha desapareceu e ainda está a tentar recuperá-la. Recentemente lançou o livro 'O Cancro é uma M*rda', onde partilha sem filtros a sua experiência.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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João da Silva: “Não vi uma lágrima dos meus pais e imagino o que devem ter chorado, não se mostravam abalados com o meu cancro para eu não ficar triste”
Aos 31 anos foi diagnosticado com um cancro no testículo. Concluiu os tratamentos e, quando já achava que estava livre da doença, veio de novo o choque. O cancro tinha voltado e ainda com mais força: já estava espalhado pelo corpo. Novo ciclo de tratamentos e foi dado novamente como curado. O problema é que seis meses depois, voltou a saber que o cancro tinha regressado pela terceira vez. Teve de fazer dois transplantes de medula, hemodiálise e depois um transplante renal. João da Silva, jornalista, agarrou-se à vida. Não deixou de fazer desporto, tornou-se vegetariano e um homem mais espiritual. Tem dado a cara pelo cancro e tem falado em inúmeras palestras, sem medo, sobre os momentos mais difíceis da sua vida. No podcast 'Tenho Cancro. E Depois?', conta a sua história ao lado do homem que considera seu santo, o professor José Luís Passos Coelho, oncologista que acompanhou todo o tratamento no IPO.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Histórias de quem sobreviveu a um diagnóstico de cancro, de quem olhou a doença de frente e não a viu como um fim. Conversas intimistas, que revelam outro lado que desconhecíamos, de luta e de sofrimento, mas também de persistência e superação.
Todas as semanas a jornalista Sara Tainha convida figuras públicas e especialistas para reforçarem a esperança e a confiança de todos os que vivem com a doença.
'Tenho Cancro. E Depois?' é um projeto editorial da SIC Notícias e do Expresso, com o apoio da Novartis e da Germano de Sousa, com sonoplastia de Gustavo Carvalho, fotografia de Matilde Fieschi e Nuno Fox, capa de Tiago Pereira Santos e apoio à produção de Joana Henriques e João Filipe Lopes.
A música deste podcast foi cedida pelos Dead Combo em memória de Pedro Gonçalves.
Se quiser saber mais sobre este tema vá ao site do Tenho Cancro. E depois? e veja reportagens e artigos